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terça-feira, 19 de julho de 2022

Centenário de Canguçu - 1957 a história de um ano


 

Então estou de volta!!!

Consegui reativar o meu blogger .

Apresento a todos o meu filho de papel, meu livro!!!

        Escrito durante a pandemia, o livro "Centenário de Canguçu- 1957 a história de um ano, que tem como  objetivo resgatar e registrar aspectos do nosso município no ano de 1957, bem como as comemorações do Centenário do Município, ocorrido naquele ano.

         O livro faz um recorte histórico do ano do 1957, limitando-se a apreciar e comentar somente o que foi editado nas fontes de pesquisa, devendo-se a este fato muitos acontecimentos do ano não terem sido mencionados.

         A obra traz uma visão geral do município no ano do Centenário, oferecendo aos leitores uma ideia de como foi comemorado aquele momento tão importante e significativo da história de Canguçu. Registra, além de notas e acontecimentos sociais, várias matérias interessantes abordando assuntos diversos.  Relembra os comércios existentes na cidade e no interior, cujos proprietários patrocinaram o “Álbum do Centenário” ou que, ao longo do ano, colocaram anúncios no jornal “A Voz de Cangussú”. 

      Quanto as comemorações do aniversário, o livro resgata as várias atividades desenvolvidas para marcar a data festiva, além de mencionar as autoridades que estiveram presentes no evento.

     Ao concluir a leitura da obra, o leitor terá percebido que o Centenário do município foi comemorado com  entusiasmo e dentro das possibilidades que as intempéries permitiram, além de relembrar pessoas que passaram pelas nossas calçadas deixando em muitos, marcas de saudade.


    O livro está a venda na ACANDHIS ou pelos celulares (53) 991333832 ou (53)991149121 com Zuleica ou Geder.


  

             

           

 

 

                       

 

 


sábado, 6 de abril de 2019

O Clube Abolicionista de Canguçu

Hoje procurei buscar algo que falasse sobre o tema escravidão negra em Canguçu, já que em nosso município ela foi uma realidade, bem como os quilombos, aldeamentos de escravos fugidos de seus senhores em busca de liberdade.
Segundo o Historiador Agostinho Mário Dalla Vecchia, em seu livro “Memórias da Escravidão”, as matas de Canguçu escondiam quilombos que abrigavam escravos fugitivos de toda a região.
Mas vamos a matéria que recolhi de um antigo jornal local , com certeza encontrado no Museu Municipal, infelizmente não registrei a fonte, mas irei a procura a fim de registra-la, porém, o conhecimento não se perde.
Foto: Cacimba da Prata -Início do século XX - Arquivo fotográfico Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa
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Cangussu, 13 de outubro
A 28 do passado, na casa da câmara, estando presentes muitos cavalheiros devotados a causa do abolicionismo e a banda de música Santa Rosa, procedeu-se a eleição da diretoria do clube emancipador, ficando assim composta:
Presidente: Bernardino Pinto Ribeiro,
Vice-Presidente: Júlio César da Luz,
Tesoureiro: Enéas Gonzaga Moreira,
1º Secretário: Antônio Manoel da Costa,
2º Secretário: Carlos da Costa Bandeira.
Procurador: Gregório Teixeira Lopes do Carmo.
Ás 4 horas da tarde do dia 5, efetuou-se a sessão de posse da diretoria, ante numerosa concorrência de abolicionistas e na presença de muitas famílias.
Depois de estar empossado o presidente do clube e ter agradecido a prova de consideração que lhe dispensavam, confiando-lhe um tão honroso cargo, apresentam-se a comissão de Exmas. Senhoras, que aceitando agradavelmente o convite que lhes fora dirigido, estavam todas dispostas a esforçar-se quanto possível lhes fosse para a pronta e completa extinção da escravidão nesta vila.
A Exma. Sra. Dona Túlia da Luz, que foi oradora da comissão acrescentou que tinham imensa satisfação em concorrer com os seus serviços em prol de tão santa causa, e que seu primeiro passo será garantir donativos para aplica-los à libertação de infelizes cativos. 
Depois de mais algumas palavras, todas recendendo entusiasmo, terminou a oradora sendo saudada por uma longa salva de palmas. Dessa comissão fazem parte, além da Srª Dona Túlia Cézar da Luz, as
Exmas . Srª Dona Pacífica Abreu, Gertrudes Jacundina, Feliciana Amélia Moreira, Theophila Amélia de Mattos e Adelaide Gonçalves do Carmo.
O presidente do clube agradeceu o louvável empenho da ilustre comissão e sobre esse assunto pronunciaram-se encomiasticamente os Srs. Martiniano Lafuente e Gregório do Carmo. A sessão esteve imponente, muito concorrendo para o seu brilhantismo o generoso concurso da sociedade musical Santa Rosa , que tocou bonitas peças de música.
Esta sociedade tem procedido de forma a merecer gerais simpatias por sua prestabilidade e devotamento à propaganda abolicionista, concorrendo sempre com a melhor boa vontade e louvável desinteresse.
Terminada a sessão, foram todos os presentes, precedidos da mesma banda musical assistir a inauguração dos melhoramentos da praça da Matriz. Ali recebidos pela comissão administrativa dos mesmos melhoramentos. 
Sr. Dr. Serafim Luiz de Abreu, Júlio Cezar da Luz e Alexandre Gaspar da Costa, e por entre entusiásticos clamores da população, o Sr. Serafim Abreu pronunciou um eloquente discurso e leu 14 cartas de liberdade concedidas sem ônus algum.
Ás 7 horas concluiu a festa, percorrendo as principais ruas as duas bandas musicais.”
Ainda registrado no mesmo jornal: “Contando 118 anos de idade, faleceu aqui, a preta Libânia, natural da África. Na presente época, poços terão a ventura de chegar a tal idade.”

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Sonho ou carnaval?



"Vida que brota da alma, escondida o ano inteiro...
Vem à tona com tamanha euforia, com tanta intensidade
Que  parece não caber na forma que a encerra,
E ri... e canta... e dança...  e vive tudo de uma vez ,
Para depois dormir mais um ano, sossegada e serena.
Se olhar assim, com olhos comuns, não se identifica esta alma intensa
Que dorme na quarta-feira para voltar no próximo carnaval."


Falar de Carnaval em Canguçu hoje é muito difícil, especialmente para quem é amante desta festa que retrata em sua essência o povo brasileiro, que mostra esta cultura tão particularmente nossa, tão vibrante e miscigenada... É algo que está no sangue, na alma, não se explica e não se entende. Dificilmente um brasileiro é indiferente ao samba, este ritmo tão envolvente e muitos esperam o ano inteiro por esta época do ano  para  cair na folia, sambar, brincar e pular até que chegue a quarta-feira para então, como o palhaço que sai da caixa de surpresa,  voltar com cara de saudade para só sair novamente no próximo carnaval. Isto tudo é mágico e só é percebido por  aqueles que tem dentro de si o sentimento carnavalesco.
Mas  não é fácil falar de Carnaval quando ele se mostra tão diferente na minha Canguçu, diferente sim, pois já tivemos um Carnaval empolgante, envolvente, alegre e quem brincou o Carnaval no Salão do Harmonia até a final da década de 90, sabe do que estou falando. O novo século chegou, cheio de vida, de novidades mas o que se foi levou com ele a magia do Carnaval Canguçuense.
Muitos blocos carnavalescos encheram os salões do  Clube Harmonia e do Clube Recreativo América de alegria. Pessoas como o saudoso “Tio Arlindo Almeida” com seu bloco dos bichos, o seu Manoel e o Paulinho, jamais serão  esquecidas ao relembrarmos os antigos carnavais de rua, quando os mascarados faziam a festa .
Os blocos tradicionais como o Sacarrolha, o Rebu, as Bruxas,  o Cordão do Amor,  O ET , Los Tarados, os Bugres, os Maconeiros, e outros tantos que no momento não lembro, formados por casais ou jovens que brilhavam com suas fantasias que luxuosas, criativas ou apenas expressando ideias em camisetas coloridas viviam este momento tão esperado e a alegria era contagiante desde o “Grito de Carnaval” , passando por  quatro ótimos bailes de salão e acabando na  quarta-feira de cinzas , mas é  claro que o que me deixou mais saudade foi  o nosso “Deixa Falar”, bloco animado que fez a nossa alegria por 10 Carnavais.
O “Deixa Falar” nasceu no carnaval de 1989, sendo seu nome uma homenagem a primeira escola de samba do Rio de Janeiro e teve como tema a “Oficialização da pilcha gaúcha”. Os primeiros componentes foram M. Zuleica G. Reyes, Géder Luiz G.  Barbosa, os irmãos Cacilda, Patrícia e Carlos Manke Bento, João Nei Pereira das Neves, Adriane e Andréia Maximino dos Santos, Gerson Flores Maciel, Marcos Paulo Barbosa de Souza e Angelita Barbosa. O bloco contou com a colaboração especial de Nede Adam Manke ,  do casal Paula e Paulo Perchim e da querida tia Zaida Bento que inclusive nos emprestou o porão da sua casa para sede do bloco, o qual batizamos de “Submundo”. Naquele ano a rainha do carnaval do Harmonia foi Cátia Dittgen Vergara.

Muitos amigos foram chegando e outros acabaram deixando este bloco carnavalesco tão especial. Integraram-se ao “Deixa Falar”: Airton Flores Maciel, Flávia e Carla Rosane Casarin Flores, Orivelson de Souza Moreira, Eliane Bichinho Oliveira, Marcos Manke, Noé Izomar de Moura da Silva, Maria Cândida Reyes Gularte e Mario Alberto Morales Gularte, Adriano Martin Funk, Sérgio Hianduí Nunes de Vargas, Carla Borges Guerra, Zelton Pereira das Neves, Marcelo Guerra da Cunha, Flávio Manke Júnior, Jane Maria Guerra da Cunha e Saul Moreira da Cunha, Cláudia Silva da Fonseca, Luciana Maciel Viana, Alexandre da Silva Soares e Simone Bório Soares, Marivan Souza da Silva Vergara e Fábio Prestes Vergara, Cláudio Roberto Rosa Quevedo, Ângela Maria Silveira Jacondino e Carlos Benhur Nunes Jacondino, Arlete Riskow Camargo e Cíntia Ferreira Specht.

Foram presidentes do Bloco carnavalesco Deixa Falar: Carlos Manke Bento,  Géder Luís Goulart Barbosa, Patrícia Manke Bento, Miriam Zuleica Goulart Reyes, Jane Guerra da Cunha, Simone Bório Soares, Fábio Prestes Vergara e Adriane Maximino dos Santos.

Maravilhoso lembrar tudo isso... rever fotografias, relembrar as músicas que eram compostas baseadas nos temas apresentados pelo bloco. Além de todas essas lembranças ainda guardamos as camisetas, algumas fantasias,  faixas, o estandarte e  os troféus que o bloco conquistou ao longo dos 10 anos de existência.

Parabéns ao nosso “Deixa Falar” e a todos os  Blocos  Carnavalescos que animaram o Carnaval de Canguçu em todas as épocas.


Fotos: Carnaval de 1989 e Carnaval de 1995 - Arquivo fotográfico particular

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Personagens inesquecíveis

Em razão das férias passei um tempo afastada mas agora estou  de volta, penso no que escrever e me ocorre que espaços como este, que  se destinam a registrar a história local  devem trazer  histórias de homens comuns, ou seja,  daqueles que pelo modelo tradicional de escrever, estariam a margem do registro, ficando o espaço reservado para os que realizaram grandes feitos ou ocuparam lugar de destaque em determinado momento.

Pois bem, esta semana fui surpreendida com a notícia nas redes sociais de que um dos personagens folclóricos guardados com carinho na minha memória, João Medeiros, o conhecido João Popó,  completou seus 109 anos e estava sendo homenageado com carinho por sua família. João Popó juntamente com o Rosca, a Cidália, a Nair, a Dalva Garrão, o Major, a Santinha e tantos outros, foram mais que pessoas comuns, foram personagens que enfeitaram o dia a dia desta cidade e povoaram o imaginário das crianças que viveram sua infância na década de 70.


Todas as pequenas cidades, em todos os tempos, veem passar por suas calçadas estas pessoas que deixam sua marca de maneira diferente do padrão, mas estas pessoas com suas existências tão especiais ficarão  guardadas para sempre na  memória, seja por seu carisma, pelas histórias fantásticas que os rodeiam como virar lobisomem, seja por uma  longa barba branca e  terno cinza surrado, seja como um romântico par, ou mais recentemente como quem  cantava a “Madalena”, ou outro que, inocente como criança, se alegra em assustar seus conhecidos, ou mesmo aquela que, rodeada por seus cachorros, é uma figura tão especial em nossa Canguçu. Não preciso dizer seus nomes, todos nós conhecemos estes que foram citados e outros tantos que passaram por estas calçadas e deixaram suas marcas.


Levantando o véu da história de nosso município, ressurge neste momento um personagem que não cheguei a conhecer, o Patuá, não este Patuá que hoje conhecemos mas um antigo morador desta terra  que muitos canguçuenses com certeza ainda lembram.



Imagem:  Arquivo Fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa


PATUÁ


Não assistiu ninguém ao formidável fim

Daquele homem pobre de corpo tão torto

Quando o acharam calmo e só, estava morto

Morrera só, coerente de viver assim.


Alma boa, a desgraça o não fizera ruim

Lembrava um quasímodo: dava um desconforto

Vê-lo sentado e triste como um Buda absorto

Uma caricatura horrenda para mim!


Alma chumbada a vida,

O corpo ao chão chumbado

Quando bebia muito, esvoaçava os braços

Como se fosse, o pobre, um Ícaro tombado!

Bebera a vida inteira, era esse o seu cunho

E pressentindo a morte escutando seus passos,

Quis morrer calmo e só,

Morrer como um “tutumunho”.


Quem não conheceu o Patuá? Por certo que todos os habitantes de Canguçu e mesmo os forasteiros que estacionaram, ainda que por poucas horas no hotel Brasil, de cuja caridade viveu longos anos, tiveram ensejo de conhecer aquela figura popular a quem a natureza criminosa tudo negara. Achaparrado e disforme, horrente aspecto a locomover-se de mãos ao chão era, entretanto uma alma boa. Em sua memória apresentamos um soneto da verve do Dr. Jorge de Moares,  onde o ilustre vate conseguiu de forma muito feliz apresentar-nos uma imagem nítida do pobre Patuá.


Fonte: Jornal a Voz de Canguçu  ano de 1953 - Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa.



domingo, 4 de novembro de 2018

Casa de carnes Santo Antônio



Meu pai Antônio Farias Reyes, minha mãe Neifa Goulart Reyes, minha irmã Maria Cândida e eu.

Álbum de família

Esta é uma época do ano que a saudades daqueles que nos são caros chegam de mansinho e tomam conta do nosso coração. Não deveria ser assim, mas a correria  do dia a dia ocupa tanto o nosso tempo que chegamos a não ter tempo para sentir saudades, então chega o mês de novembro e dedicamos os dois primeiros dias para sentir saudades, olhar  fotografias e relembrar velhas histórias, buscando reter na memória os olhares, os sorrisos, as palavras, a maneira como eram ditas, enfim, dedicamos tempo a saudade e as lembranças daqueles que ocuparam espaços imensos em nossas vidas.
Então hoje venho relembrar meu pai  e sua atividade, primeira que eu lembro, açougueiro.
Resolvi escrever sobre este assunto primeiro pela saudade, segundo porque parei para pensar sobre esta atividade e  nas mudanças que sofreu nas últimas décadas.
Meu pai teve um açougue de nome Santo Antônio e lembro muito bem  tanto do primeiro local que funcionou como do último.O primeiro açougue do meu pai funcionou em uma casa onde hoje é a residência  do casal Renato e Noeli Von Laer;  era uma casa estreita e comprida, possuía apenas uma espécie de  balcão construído de tijolos, rebocado e pintado e com acabamento de pedra, tipo as pedras  que eram colocadas nos balcões de pia nas cozinhas; a pedra no açougue do meu pai era escura, entre o vermelho e o marrom, já na nossa casa era verde...  mas voltando ao açougue, era tudo muito simples, em cima do balcão uma tábua grande para cortar a carne, essa tábua tinha um prego grande onde era colocado um osso da perna do animal, um osso de uns 10 centímetros  que servia, imagino, para prender a carne na hora de serra-la, o que era feito com uma serra manual; tinha também uma balança daquelas de dois pratos onde em uma era colocada a carne e em outra os pesos e para finalizar uma faca super afiada, pois meu pai era ágil no ofício de afiar a faca com a chaira e haviam ganchos onde a carne era pendurada mas não lembro como eram colocados .  Assim era, tudo muito simples, sem geladeiras, câmaras frias, sacolas ou balanças digitais e muitas e muitas vezes também sem carne, sim sem carne,  pois esta não estava disponível no açougue quando as pessoas queriam, precisava-se espera que o animal fosse carneado; quando havia carne era colocada uma bandeirola de tecido vermelho próximo a porta do açougue,  este era o aviso de que já havia carne a disposição , sendo assim, a vizinhança ia chegando com pratos e bacias para buscar carne, já que como disse anteriormente, não havia sacolas plásticas para acondiciona-las. Ia esquecendo de registrar que os açougues vendiam apenas carne, nada mais.
Quando eu já era maiorzinha meu pai construiu um açougue do lado da nossa casa, este sim era moderno seguindo o estilo dos açougues de Pelotas, onde íamos todos os sábados no nosso carro “Esplanada” preto com a figura de um leão em cada porta e os bancos forrados de couro vermelho, pois bem, íamos a Pelotas  buscar frangos resfriados  para vender, saliento que era o único açougue da cidade a vender frangos. Como disse anteriormente, foi o primeiro açougue bem equipado de Canguçu, possuía azulejos brancos nas paredes, balcão refrigerado onde meu pai colocava manteiga Damby, maçãs argentinas e a grande novidade iogurte natural... nosso açougue tinha ainda câmara fria, balança moderna para a época, maquinas de fazer guisado e bife, serra elétrica, enfim, várias modernidades que os outros não possuíam, além de meu pai e meu avô trabalharem de jaleco, também  algo que não era usado, mas o que mais se destacava eram os sacos plásticos personalizados  “Casa de carnes Santo Antônio” . Depois de um tempo meu pai acabou vendendo o açougue para o Rubens Pinheiro, se não me engano no ano de 1976. Boas lembranças !!! Saudades dele, do açougue e de todos aqueles que amo e que não estão mais comigo.
Trabalharam em nosso açougue que eu lembro, o Adão, o Sr. Reinoldo, meu avô Tacico e o Gringo; o Teca trabalhava com  meu pai nas carneadas, a Santa derretia a graxa em uma peça fora do açougue e a dona Nadica o limpava aos finais de semana.

domingo, 29 de julho de 2018

Revisitando antigo Carnaval de Inverno




          Neste final de semana tivemos o Carnaval de Inverno em Canguçu. Duas noites de frio intenso e espero que de muita diversão para a turma jovem que frequenta este tipo de evento.
Olhando  fotografias fiquei com saudades dos Carnavais da minha época, quando o clube ficava colorido com tantas fantasias, mas as coisas mudam e não se pode viver de saudades, tudo tem seu  tempo, mas me arrisco a dizer que no meu tempo os carnavais eram sensacionais, tanto no calor do verão como no frio do inverno.

Mas revisitando a história, gostaria de registrar que o primeiro Carnaval de Inverno no Clube Harmonia aconteceu no ano de 1988, ano em que fui Rainha do Carnaval e estava ótimo... " Bons tempos aqueles!"

Nos anos seguintes fizemos grandes Carnavais de Inverno com o nosso Bloco Carnavalesco "Deixa Falar" que por 10 anos animou o salão do Harmonia,  junto com outros tantos blocos que alegravam as noites carnavalescas tanto no inverno como no verão.
Sem dúvida a melhor parte dos carnavais de inverno daquela época eram as olimpíadas de blocos como tarefas interessantes, divertidas e charadas  cuidadosamente elaboradas para serem decifradas. Registro aqui uma das tarefas onde precisávamos caracterizar um dos antigos presidente do clube Harmonia juntamente com alguns componentes do bloco em um ponto turístico da cidade, detalhe, precisávamos fotografar e tínhamos até a noite para entregar a fotografia, como não tínhamos a tecnologia que temos hoje, tivemos que correr para Pelotas para revelar a foto.
Na foto alguns componentes do bloco em frente a Casa de Cultura e o Dr. Danilo Campos sendo representado em sua atividade profissional pela amiga Carla Guerra. Aparecem na foto: Patrícia Bento, Flavia Flores, Carla Guerra, Jane e Márcia Guerra da Cunha, Saul Cunha, Géder e Zuleica Barbosa, Simone Soares, Claudia e Cacilda Bento.
A outra foto mostra um desfile em que o personagem principal era PC Farias, com o mapa do Brasil embaixo do braço, telefonando de um orelhão. Deste desenho tenho uma história bastante interessante para contar, mas fica para outra vez.
             
Por essas e outras tenho saudades do carnaval do “meu tempo” parece sempre que era bem melhor, mais tranquilo, mais saudável, mais divertido, porém, tenho a certeza que os jovens de hoje também um dia dirão: -"No meu tempo era muito melhor! Aquilo sim era carnaval, nós é que sabíamos nos divertir !"





Fotos do carnaval de inverno de 1993 – Arquivo particular







segunda-feira, 9 de julho de 2018

A sonhada "Luz Elétrica"



Foto: Arquivo Fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa

A poucos dias a comunidade canguçuense presenciou a demolição de antiga  construção localizada na rua General Câmara, mais precisamente na esquina da rodoviária. Com certeza já estava  feia, mal cuidada, porta e janelas quebradas, enfim, todas estas coisas que acontecem quando uma construção está condenada a ir se deteriorando. Acredito que naquele local será construído um belo e moderno prédio, pelo menos é o que se espera e na opinião da maioria dos canguçuenses, inclusive a minha, nossa cidade merece  ficar bela e aquela antiga construção não colaborava em nada para esse efeito...Pois bem,  casa demolida, terreno aplainado e eu aqui pensando no que estou sentido. Onde estarão os tijolos da antiga Usina Municipal? Eles carregavam a energia de uma época tão singela, quando a vida em “Cangussu”  era  tão pacata; com certeza cada tijolo colocado era carregado  de esperança no desenvolvimento da comunidade, vislumbrava as facilidades que estavam a caminho com a tão sonhada “luz elétrica”. Cada tijolo colocado era uma promessa e uma certeza que tempo viria ( 85 anos depois ) em que nosso Canguçu celebraria a modernidade e demoliria, sem cerimônia,  o sonho tão importante de uma época.
Mas vamos revisitar a História...
Em 31 de dezembro de 1933 foi inaugurada a  luz elétrica em Canguçu e sobre o assunto a  Revista dos 200 anos de Canguçu, na sua  página 79, traz detalhes transcritos do jornal Diário Liberal de Pelotas, datado de 3 de janeiro de 1934. Diz a matéria que para o evento  veio uma caravana  da cidade de Pelotas presidida pelo Cel. Augusto de Assunção como representante do General Flores da Cunha e que após banquete e homenagens é cortada a fita inaugural da tão sonhada Usina pelo Cel. Joaquim Assunção e o Prefeito Conrado Ernani Bento, com certeza feliz e cheio de orgulho, ligava a chave geral trazendo a tão sonhada “Luz Elétrica” a Canguçu. Ainda está registrado na mesma Revista o valor da instalação da luz elétrica, com um custo à  municipalidade de 200 contos de réis, tendo seu motor funcionado cerca de 20 anos sem apresentar grandes problemas. Sabe-se que prestaram seus serviços a Usina Municipal Antônio Casarin, João Escursione, Fritz Mirch, José Gonzales e Albério Rick, entre outros. Esta era a famosa luz que desligava a meia noite, mas esta já é outra história... Até a próxima!!