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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

UM ADEUS AO ESTEIO MESTRE DO CTG SINUELO


( Fotografia tirada em 04.08.2005)

Dia 15 de setembro... Semana Farroupilha... Data especialmente escolhida por Nosso Senhor para a despedida de um grande tradicionalista, Senhor Armando Ecíquio Peres.
Há momentos em que procuramos as palavras certas para expressar a grandeza das pessoas, ou aquilo que sentimos frente a determinados acontecimentos, mas por incrível que pareça, todas as palavras somem e nos deixam sem saber como expressar o que pretendemos.
Sabe-se que este amigo já estava idoso, doente, talvez até cansado de andar por esta existência... Por certo sentia falta dos amigos que partiram antes para a eternidade e saudade da companheira de tantos anos. Tudo isso é fácil de entender e enxergar, difícil será ver o CTG Sinuelo sem o seu “Esteio Mestre”, aquele que lhe deu vida, que o ergueu e reergueu, aquele que o embelezou e deixou a sua marca em cada tijolo, em cada telha, em cada parede construída.
Acredito hoje o CTG Sinuelo teve a sua maior perda, mas dizer só isso seria muito pouco, o certo seria dizer que o tradicionalismo hoje está de luto pela partida de seu grande incentivador e Canguçu chora sentidas lágrimas por este filho que a tantos anos adotou como seu... Já não se encontra entre nós aquele que tanto amor dedicou a tradição gaúcha, aquele que tanto amou o CTG Sinuelo.
Sr. Armando Ecíquio Peres, quem no meio tradicionalista não o conheceu?...
Vou lembrar com carinho todas as vezes que me chamou de “minha querida”, numa clara demonstração do afeto que tinha por todas as prendas que representaram um dia o CTG Sinuelo, entidade da sua mais cara adoração.
Lembro-me ainda o quanto torcia para que conseguíssemos alcançar a tão almejada titulação de 1ª Prenda da 21ª Região Tradicionalista ... Lembro da sua alegria e satisfação quando conseguíamos conquistar a faixa que ele, talvez até mais do que nós , adorava e valorizava... Lembro também o quanto sentia-se entristecido e frustrado quando o Sinuelo participava dos concursos estaduais não conseguia o titulo que ele tanto esperava, o de 1ªPrenda do Estado do Rio Grande do Sul, Acredito que a amiga Janeti Vargas, 1ª Prenda do Estado do Rio Grande do Sul, a Viviane Oliveira, Primeira Prenda Mirim do Rio Grande do Sul e a amiga Nilceane Fonseca, 2ª Prenda Mirim do Rio Grande do Sul, deram para este velho amigo o melhor dos presente, o tão sonhado título estadual, não estive presente em nenhum destes momentos, mas posso imaginar a sua satisfação e grande alegria. Perdoa-me velho amigo por também não ter te dado esta alegria.
Gostaria de imaginar que...
Por certo hoje , nem bem clareou o dia, teu grande amigo Raul Silveira, já estava na porteira a tua espera, te convidando a chegar para diante na estância celestial ... Imagino-os, depois de um bem cinchado abraço, sorvendo um bom chimarrão e declamando as poesias que os dois tanto gostavam.
Imagino ainda...
Que o trio, agora completo, Armando Ecíquio Peres, Raul Silveira e Pedro Luiz, erguerão na estância celeste, um grande galpão para que também lá possam seguir amando a cultura gaúcha, declamando, cantando e acolhendo a todos os que forem chegando com aquela tradicional hospitalidade do Rio Grande.

Senhor Armando Peres, ao senhor o meu carinho e o meu respeito.

ARMANDO ECÍQUIO PERES

                   Nasceu em Herval, no RS, no dia 03 de outubro de 1917. Filho de João de Deus Peres e Leonídes Alexandrina Peres, formando uma família composta por 7 irmãos.
             Casou-se em 30 de maio de 1941 com a  senhora Almerinda Soares Peres (dona Santa).
             Armando Peres iniciou sua caminhada no tradicionalismo na década de 50, no C.T.G Alexandre Pato de Lagoa Vermelha, passando pelo C.T.G 20 de Setembro de Piratini como sota-capataz , após foi patrão do C.T.G Felipe Portinho se Marau e finalmente 8 vezes patrão do C.T.G Sinuelo de Canguçu.
             Chegou à Canguçu em 23.12.1963, transferido da Coletoria Federal de Marau, para aqui trabalhar; aqui chegando, tornou-se amigo de Raul Soares da Silveira e de Pedro de Oliveira Luiz.
             Em 20 de setembro de 1964 fundou , juntamente com Raul Silveira o  C.T.G Sinuelo .
      Armando Peres teve ainda as seguintes participações dentro do  Tradicionalismo:
- Sota-capataz do C.T.G 20 de Setembro de Piratini;
- Fundador do C.T.G Sinuelo de Canguçu .Construtor e mais tarde restaurador do galpão.
 Patrão do C.T.G Sinuelo por 8 vezes.
- Patrão do C.T.G Felipe Portinho de Marau.
- Coordenador da 21ª RT por 9 vezes.
 Conselheiro do M.T.G ,eleito por vários períodos ,bem como membro da junta fiscal do M.T.G.
- Conselheiro do Piquete “Vanguardeiro”.

ALGUNS TÍTULOS E HOMENAGENS RECEBIDAS

- Moção de louvor da Câmara Municipal de Vereadores de Canguçu.
- Honra ao Mérito (Piquete Raul Soares do Amaral de Piratini)_
- Ordens de Bento Gonçalves e Joaquim Teixeira Nunes de Pedro Osório.
- Sócio fundador e efetivo do Instituto De História e Tradição (IHTRS)
- Sócio Acadêmico da ACANDHIS- Cadeira n°8-patrono Zeca Neto.
- Cartões de Prata da ASCANSUL,da Gauchada de Pedro Osório ,da rádio  Alvorada de Marau e do CTG  Felipe Portinho de Marau.
- Sócio de honra e benemérito  do CTG s 20 de Setembro de Piratini
-e Tropeiros da Querência de Arroio Grande.
- Sócio Honorário   do CTG Minuano do Herval.
-Honra ao Mérito da Divisão L 8 H-2 do Lions Club.
-Cidadão canguçuense.
-Comenda da Ordem de J Simões Lopes Neto .
-Comenda da Ordem de Gumercindo Saraiva da 21ª RT.
-Títulos de Conselheiro Honorário e Conselheiro Benemérito do Movimento Tradicionalista Gaúcho.
-Destaque especial da Rádio Cultura em 1999-Mérito tradicionalista  21ªRT.

             Armando Eciquio Peres faleceu em Canguçu aos 97 anos de idade, no dia 15 de setembro de 2015, durante os festejos da Semana Farroupilha, justamente no dia da Ronda do CTG Sinuelo, seu CTG do coração.



XIII Congresso Tradicionalista em São Gabriel - 1967


Raul Silveira, Pedro de Oliveira Luiz e Armando Ecíquio Peres

Fotos: Arquivo Fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa

sábado, 25 de julho de 2015

Parabéns aqueles que semeiam a terra - 25 de julho - Dia do colono


O amigo Nilso Pinz inicia seu belo trabalho de pesquisa intitulado “ Breve Resgate do povo pomerano e seus reflexos históricos e culturais no município de Canguçu/RS com as seguintes citações:
            “ Travou-se, assim, uma luta pela sobrevivência, que, pelas condições sob as quais foi travada  se constitui - e permanece até hoje - uma das mais belas e épicas páginas de nossa História.” – Jairo Scholl Costa – Livro: São Lourenço do Sul- 100 anos- 1884 a 1984- pg.53.

            “Quantas riquezas nas festas desse povo! Quanta riqueza nos seus costumes, no seu folclore! Quanta Simbologia! Ainda é momento de resgata  estas riquezas em todas as áreas da vida, na atual caminhada do povo pomerano em solo gaúcho.” Helmar Reinhardd Rölke – Livro: Descobrindo Raízes- Aspectos Geográficos, Históricos e Culturais da Pomerania – pg.90

Palavras carregadas de verdade, pois acredito que elas sintetizam a essência deste povo trabalhador, que semeou o solo e, com paciência, esperou que a semente frutificasse , unidos em um esforço comum, para ver realizado o sonho de uma vida mais farta, sonho este que os trouxe para a terra brasileira, mais precisamente o nosso Rio Grande do Sul, para por fim, semear em solo canguçuense,  sua perseverança e  sua rica cultura.
Não poderia deixar passar esta data sem homenagear o nosso colono e ressaltar, que o ofício dos pioneiros, junto a terra, frutificou e seus descendentes souberam muito bem continuar a obra iniciada, pois graças ao trabalho fecundo e perseverante  destes imigrantes e seus descendentes, nosso município já se colocou em vários momentos de sua história, como grande produtor de soja, milho, fumo e pêssego, sempre contando com o labor incansável do nosso colono.

Aproveito a oportunidade para trazer ao conhecimento dos amigos leitores e relembrar a outros tantos, alguns nomes que fizeram parte da história dos pomeranos e alemães em nosso município, bem como atividades desenvolvidas pelos mesmos:

-Dr. A. Schulmann- Médico- Com estudos na Alemanha e Suiça- Clinica Geral, doenças de crianças, Cirurgia e partos. Atende dia e noite na Farmácia Confiança em Cangussú.
- Adolfo Ehlert Borchardt – Casa comercial e açougue  de suínos - 2º sub-distrito de Cangussú- Florida.
-Alberto Neuenfeld- Serraria- 1º sub-distrito de Cangussú- Solidez.
-Adolfo Wachholz- Correaria - 1º sub-distrito de Cangussú- Solidez.
-Alfredo Wachholz- Casa Comercial- secos e molhados, louças, tintas, roupas feitas, chapéus, ferragens e miudezas. 1º sub-distrito de Cangussú- Solidez.
-Aldo Kuntz- Casa Comercial- Secos e molhados, louças, tintas,, miudezas etc. Dedica-se também a agricultura - 1º sub-distrito de Cangussú Velho.
-Albino Rodiess- Ferraria- Executa qualquer tipo de serviço- 1º sub-distrito de Cangussú- Solidez.
-Alberto Wienke- Casa de comércio em geral- caminhões próprios para transportes, moinho, açougue, serraria, carpintaria, ferraria, depósito, criação de suínos, agricultura, pecuária, cancha de carreira. Um estabelecimento que orgulha o município. 2º sub-distrito de Cangussú- Herval.
- Augusto Karnop- Carpintaria- Executa todo e qualquer serviço do ramo-  2º sub-distrito de Cangussú- Herval.
- Alberto Hobuss- secos e molhados e miudezas em geral- -  2º sub-distrito de Cangussú- Herval.
- Augusto Hobuss Filho- Ferraria-Executa qualquer serviço do ramo -  2º sub-distrito de Cangussú- Santa Bárbara.
-Afonso Retclaff- Ferraria- Executa todo e qualquer tipod de serviço do ramo, atendida pelo proprietário- Vista Alegre.
- Augusto Otto Idalino Timm- Casa Comercial- -  2º sub-distrito de Cangussú- Iguatemi;
-Arnaldo Strelow- Moinho e Casa Comercial-  2º sub-distrito de Cangussú- Iguatemi.
- Arthuro Schelle- Casa Comercial- Secos e molhados, louças, tintas e miudezas - 2º sub-distrito de Cangussú- Florida;
- Alberto Otto- Casa Comercial- A casa mais antiga daquela localidade- Secos e molhados em geral - 2º sub-distrito de Cangussú- Pantanoso;
- Antônio Löper -Moinho e Serraria – Um estabelecimento industrial atendido pelo seu proprietário - 2º sub-distrito de Cangussú – Florida;
- Albino Timm e Lindolfo Hackbart- Depósito de materiais para construções, mantendo grande estoque para pronta entrega- Avenida 20 de setembro s/nº;
- Arno e Albino Buchweitz – Casa Comercial- 1º sub-distrito de Cangussú- Rincão da Glória;
- Alfredo e Joaquim Tessmann- Ferraria e Carpintaria - 1º sub-distrito de Cangussú-  Vila Lelo;
- Alberto Manke – Posto Shell- Gasolina, óleo, lubrificantes,pneus – General Osório 1091- Cangussú;
- Aldo Kuntz- Casa Comercial- Secos e molhados- Secos, molhados, louças, tintas, miudezas, etc. - 1º sub-distrito de Cangussú- Solidez;
- Alberto Neuenfeld- Serraria- 1º sub-distrito de Cangussú- Solidez;
- Adolfo Fürhmann- Sapataria- 1º sub-distrito de Cangussú – Solidez;
-Adolfo Wachholz- Correaria- 1º sub-distrito de Cangussú-  Solidez;
- Alfredo Wachholz- Casa Comercial- 1º sub-distrito de Cangussú- Solidez;
- Viúva Amanda Krüger A. Becker – Alambique- 5º sub- distrito
- Breno Lange – Ferraria- 1º sub-distrito de Cangussú- Cangussú Velho- Executa todo e qualquer serviço do ramo.
-Bruno Storch- Casa Comercial- 2º sub-distrito de Cangussú- Florida- Compra e venda de produtos coloniais. Secos e molhados, ferragens, louças, tintas e miudezas.
- Carlos Hellwig- Moinho e Serraria- 2º sub-distrito de Cangussú- Chácara dos Bugres;
- Ervino Bierhalz- Ferraria - 2º sub-distrito de Cangussú- Florida.
- Ervino Reichow – Casa comercial- 1º sub-distrito de Cangussú- Cangussú Velho-.Secos e molhados, louças, tintas e miudezas .
- Ervaldo Reichow- Tamancaria e Curtume- 1º sub-distrito de Cangussú- Cangussú Velho- Faz-se tamancos com perfeição.
- Ervino Raatz- Carpintaria- Um estabelecimento modelar, que executa todo e qualquer trabalho do ramo. Perfeição, preço e rapidez.
- Ervino Neuenfeld- Matadouro- 3º sub-distrito de Cangussú- Dois Irmãos.
- Emílio Neuenfeld- Moinho- 1º sub-distrito de Cangussú- Solidez
- Ervin Wally- Serraria- 1º sub-distrito de Cangussú- Solidez.
-Emílio Blödorn – Casa Comercial-Secos e molhados, fazendas, tintas e miudezas -  2º sub-distrito de Cangussú- Santa Bárbara.
-Emílio Radtke- Compra de produtos coloniais- -  2º sub-distrito de Cangussú- Herval.
Eduardo Helbig- Fábrica de conservas de frutas- Fundada em 1956- 1º sub-distrito de Cangussú – Espigão;
- Frederico Roschildt- Bar Rodoviário- Bebidas, fritos, frutas, cigarros, doces, etc. Ambiente para o seu fino aperitivo- Cangussú;
- Fernado Krusser Moreira- Casa São Pedro- Fazendas, ferragens, calçados, chapéus,etc. Agente Singer- Rádios- Rua General Osório 908;
- Fernando Ramm- Olaria de tijolos e telhas  2º sub-distrito de Cangussú- Florida.
- Guilherme Schellin – Agricultor e Agrimensor - 2º sub-distrito de Cangussú- Chácara dos Bugres- Herval;
- Guilherme Lindemann- Olaria- Telhas que se impõe pelo fino acabamento- -  2º sub-distrito de Cangussú- Iguatemi.
- Guilherme dos Santos Reiznault- Comércio em geral- 3º Sub-distrito
- Hilmar Völz- Sapataria- Consertos em geral- -  2º sub-distrito de Cangussú- Florida
- Hugo Blödorn – Casa Comercial- 1º sub-distrito de Cangussú- Posto Branco.
- Henrique Hinz- Casa Comercial- Secos e molhados, ferragens, louças, tintas, etc.  -  1º sub-distrito de Cangussú- Remanso.
-Ilmar Schmalfuss- Sapataria- Executa todo e qualquer trabalho do ramo- 2º sub-distrito de Cangussú- Iguatemi;
- Justo Henrique  Guilherme Rommel- Casa Comercial – Secos e molhados- 4º sub-distrito de Cangussú- Sanga Funda;
-João Kohl- Agricultor- Congratula-se pela data de 25 de julho;
- Leopoldo Müller- Casa Comercial- Secos e molhados e miudezas em geral- Alto Alegre.
- Leopoldo Franz- Olaria- Telhas francesas- 2º sub-distrito de Cangussú- Herval.
- Osvino Franz- Selaria e correaria- Serviço rápido e com perfeição - -  2º sub-distrito de Cangussú- Florida.
- Osvaldo Schellig- Oficina Nossa Senhora do Carmo- Conserto de máquinas e gaitas- Rua Conselheiro Brusque  s/nº- Cangussú;
- Rudi Bersch- Fábrica de calçados e consertos em geral- 1º sub-distrito de Cangussú- Posto Branco.
- Roberto Siefert- Casa Comercial- Secos e molhados, fazendas, ferragens, louças, etc. - 2º sub-distrito de Cangussú- Iguatemi.
- Ricardo Schellin- Casa Comercial- Louças, tintas, molhados- 1º sub-distrito de Cangussú- Cangussú Velho;
-Rodolfo Radtke- Casa comercial- Secos e molhados e miudezas em geral- -  2º sub-distrito de Cangussú- Herval. -Ricardo Schellin- Casa comercial- 1º sub-distrito de Cangussú- Canguçu Velho- Louças, tintas, secos e molhados.
- Rudy Müller- Ferraria Flor do Iguatemi- Executa todo e qualquer serviço do ramo- 2º sub-distrito de Cangussú- Iguatemi.
-Udo Bergmann- Casa Comercial- Secos e molhados, louças, tintas, miudezas -  2º sub-distrito de Cangussú- Santa Bárbara.
-Wandelin Schmalfuss- Correames, ferragens, chinelos, botas e tamancos;
- Walter Ghilherme Theil- Carpintaria Theil- Maquinário moderno, serviço com perfeição -  2º sub-distrito de Cangussú- Iguatemi.
-Waldemar Bergmann- Casa Comercial Secos e molhados - 1º sub-distrito de Cangussú- Posto Branco.
- Willy Krüger- Selaria e Correaria- 1º sub-distrito de Cangussú- Posto Branco
- Willi Klumb – Ferraria- Executa todo e qualquer serviço do ramo. -  2º sub-distrito de Cangussú- Florida.
Willy Winkel- Secos, molhados, fazendas, ferragens, louças e miudezas - -  2º sub-distrito de Cangussú- Dois Irmãos.
- Willy Krüger – Revendedor Philips- Rádios, eletrolas, copas, varandas, Sofás-camas e máquinas Elgin e Philips – Rua General Osório Cangussú.
- Willy Bierhals- Proprietário de um curtume na rua Conselheiro Brusque, nesta cidade.
- Willy Palm – Fábrica Planalto- Fábrica de Bolachas, palitos e bolachinhas- Sabão marca Único e Minerva - 2º sub-distrito de Cangussú.
-Waldemar Bersch- Matadouro - 1º sub-distrito de Cangussú.
  
Fonte: Jornal O Imparcial – mês de junho de 1961 - ( Suplemento especial)
Arquivo do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa

Com certeza muitos outros contribuíram para a grandeza deste município, porém, aqui foram citados, apenas os que encontrei nesta fonte de pesquisa.

MONUMENTO AO IMIGRANTE

             
               Localiza-se na Praça Hilmar Nornberg Pinz.
              Foi idealizado e construído pela comissão organizadora da festa do colono de 1979; esta comissão tinha como presidente o Sr. Osmar Krause e foi criada com o objetivo de organizar festas em 25 de julho em homenagem aos imigrantes alemães que vieram para o Brasil.
            O monumento, inspirado em construção semelhante localizada na cidade de Santa Cruz, foi construído para homenagear os colonos alemães de nosso município. A inauguração se deu em 22 de julho de 1979, juntamente com a festa do "Colono", realizada na cidade e que contou com grande número de pessoas.
           A placa de bronze foi descerrada pelo então prefeito Sr. Gilberto Moreira Mussi e pelo presidente da comissão organizadora dos festejos Sr. Osmar Krause.

Fonte: Álbum de fotos Reg. Nº 04.025  -   Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa
  Anais do Seminário Regional de História: Canguçu em debate
                                                                                     


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Muito frio na terrinha!

Hoje o frio é intenso na nossa Canguçu.
            Como diziam os antigos... Está de renguear cusco. Temos agora 9º, mas a sensação térmica é muito mais baixa. Penso na geada que me espera amanhã ao sair para o trabalho,  antes da 7 horas.
Mas vamos ao que a nossa história registra.

              Na manhã do dia 17 de setembro, foi encontrado morto, na estrada geral da Coronilha, a uma légua distante da vila, o preto Adolpho Hippolyto Oliveira, de avançada idade.
              Saindo o infeliz, da residência do cidadão João Pinto, devido a chuva e  temporal que caiu a noite, não pode vencer  a distância e chegar a casa mais próxima da estrada e, ficando assim exposto ao rigoroso frio, veio a sucumbir congelado. Para o local segui a autoridade competente, que depois de mandar proceder o auto do corpo de delito e mais formalidades do estilo, mandou sepultar do infeliz "Pai Adolpho", como lhe chamavam as crianças daqui, de quem ele foi um verdadeiro espantalho.
                Tinha 100 anos presumíveis. O óbito foi verificado pelo médico, cidadão Lino Moraes.

Fonte: Diário Popular de 05.10.1905

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Uma antiga casa comercial de Canguçu- Casa Brasil

Mais um dia de chuva na terrinha...
        Sempre que chove lembro de escrever...Sendo assim, aqui estamos escrevendo, relembrando, registrando...
           A algum tempo, publiquei no Facebook sobre o fechamento de uma das casas comerciais mais antigas da cidade, a Casa Brasil. Hoje trouxe o texto para o conhecimento dos amigos.  
         Assim eu escrevi a um tempo atrás.

     " Sabe  quando algo está prestes a acontecer  e tu antecipadamente  já sabe que sentirá falta, pois bem, hoje fiquei sabendo que a Casa Brasil  irá fechar suas portas; nada mais natural pois a todo momento novas lojas abrem suas portas, enquanto outras as fecham. Seria muito natural e apenas mais uma casa comercial a sair de cena, não fosse a história que carrega, pois esta loja a mais de meio século oferece seus produtos a comunidade canguçuense; é do  tempo em que as pessoas iam nas lojas comprar alguns metros de” fazenda” para que as “modistas” confeccionassem os vestidos iguais aos dos figurinos,  revistas que  encantavam  o público feminino e que hoje nem se vê mais, para falar a verdade nem sei se ainda existem".

            Relembrando...

 Me vejo pequena ainda,  a caminhar de mãos dadas com minha como mãe pelas ruas de um Canguçu tranquilo, onde quase não há carros e o comércio não era  tão intenso como o de hoje;  lembro de  algumas lojas apenas: a Casa Santo Antônio do Sr.  Julinho Valente, a do Sr. Candinho, Esquina Modas, a Casa Paulista do Sr. Lourenço, a Casa Norma de Dario Jacondino, tinha ainda as lojas dos “Turcos”:  Esperança de Ernani Abdala, Casas Cairo e Boa Sorte, o nome de seus donos eu não lembro mas de suas fisionomias eu não esqueço; tinha ainda os bazares, Estrela do Pompeu e Sinuelo, do Jaime. Eram essas as lojas da rua da frente ...  Ah! Ia esquecendo, subindo a Vinte de Setembro  tinha  a Casa Brito do Sr. Gonçalino Brito, lembro dele também... 
Pois bem, a qualquer  momento minha mãe  me dirá que precisa chegar no seu Manuel para comprar alguma coisa... A loja do seu Manoel , era justamente a Casa Brasil, de propriedade do Sr. Manuel Filgueiras e da dona Candinha Telesca... Quanto tempo se passou entre a fundação desta casa comercial e o dia de hoje quando ela está prestes a fechar... Quantas histórias de alegrias e de  tristezas, de renovações, de conquistas e  com certeza de INCERTEZAS esta loja presenciou...
        Mas deixa  eu voltar ao passeio com minha mãe... Eu adorava sair com ela, tanto quanto estou adorando este momento de lembrar dela... Pois bem, dito e feito... chegamos  na Casa Brasil, esta era parada obrigatória, sempre havia o que comprar: linha, botões, agulha de crochê, alguns metros de fazenda, ou mesmo olhar algum sapato, casaco, qualquer coisa pois tinha de tudo que se  possa imaginar.  Entramos por uma da portas... sim por uma das portas, pois se não me engano haviam duas ou três portas de entrada na loja.
A casa era grande, com a fachada de granitina, não sei o que é isso, mas lembro que era assim que chamavam aquelas casas escuras que tinham um brilho que lembravam pequenos vidrinhos cintilantes. Lá dentro haviam grandes balcões de tábua, na cor natural,  algumas partes tinham vidros, por onde enxergava-se as mercadoria do tipo rendas, fitas, elásticos, botões, etc... nas paredes haviam muitas prateleiras, também com muitas mercadoria e haviam ainda caixas grandes com cobertores, acolchoados e tantas coisas mais, a loja era realmente muito cheia de mercadorias... Havia na parede do fundo uma porta que imagino que ia para a casa ou para o hotel. Lembro  do Sr. Manuel Filgueiras, era , moreno, usava bigodes , acho que também atendia na loja;  nesta época não lembro  da dona Candinha, talvez ela se envolvesse mais com o hotel Brasil, que também era da família.
Quando o seu Manuel  morreu, a loja sofreu grande transformação. O Ubiratã, filho do casal, modernizou-a,  construiu uma nova loja, ampla, clara, moderna para os padrões de Canguçu... Lembro dele tão feliz com a loja nova, fazendo o cadastro dos clientes, pois até então era costume nas lojas locais anotar as compras em cadernos. Pouco depois,  sem que se pudesse imaginar, o  Ubiratã também se se foi... Ficou apenas dona Candinha. Gosto muito dela, é uma  mulher admirável, a mim parece que ela  continuou com a loja para poder viver o sonho do filho e levar a diante o seu projeto.
            Mas é isso... Quando o hotel e a  loja fecharem as portas, quando pintarem sua fachada e apagarem de vez o nome “ Casa Brasil ”, com certeza  poderemos dizer que lá se vai mais um tanto de  nossa história...
            Lamentável esquecimento...

           Ao mencionar os comércios de que tenho lembrança, esqueci a tradicional Casa São Pedro, pertencente ao Sr. Fernando Moreira. Esta era uma loja mais ampla, arejada; os balcões ficavam do lado direito da porta e ao fundo, uma escrivaninha onde ficava o caixa... Tinha uma cadeira em frente a mesa... Uma comodidade, pois podíamos fazer o pagamento sentados. Passava-se uma porta e havia outra peça, esta quase vazia e se não me engano com um cofre nela... Ah! e uma porta de duas folhas de onde vinha dona Nilza, baixa, cabelos castanhos, olhos vivos e muito falante... Seu Fernando, alto magro, gentil, sempre sorria para as pessoas que entravam na loja.
         Vou aproveitar  a oportunidade para registrar o lugar onde eu mais gostava de ir, na livraria Mundial da dona Tereza e do Sr. Sinotti... Lá era o paraíso... Tinha gibis, revistas com bonequinhos de recortar e colocar roupinhas e muitas outras coisas que faziam  a alegria das crianças; eu adorava ir lá. Depois que fiquei adolescente, ia lá comprar fotonovelas e romances de bolso, enquanto minha amiga Bete comprava "Medicina e Saúde"... Eu achava aquelas revistas um saco, mas enfim, hoje a Bete é médica e eu professora de Historia, o que prova que desde aquela época já sabíamos o que realmente gostávamos. 
         A livraria Mundial funcionava onde hoje é a Sulpar, do lado esquerdo a livraria da dona Tereza e do lado direito a loja de materiais elétricos e hidráulicos do Sr. Fernando Sinotti. Lá o meu querido tiozinho Beto comprou uma boneca bonita, vestida de vermelho, e me deu de Natal.
         Os dias se passaram, hoje é 05 de junho; não sei quando escrevi este relato, mas de lá para cá, a roda da vida já girou e a Casa Brasil realmente fechou suas portas. Dona Candinha também fechou seus olhos para a vida terrena e hoje já se encontra no mundo espiritual. Espero sinceramente que Deus, na sua bondade infinita, tenha permitido que ela fosse recepcionada pelo seu filho Ubiratã.




Foto: Arquivo  fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa


Fotografia tirada em 1945 em frente ao prédio da  antiga Casa Brasil, na época Hotel  Brasil.

Registra a festa oferecida às crianças pela Sra. Joaquina Telesca, proprietária do Hotel Brasil, em  comemoração ao final da 2ª Guerra Mundial.


sexta-feira, 1 de maio de 2015

Getúlio Vargas, importante personagem da história brasileira, imortalizado na praça central de Canguçu


Muitas vezes acostumamos  ver as coisas sempre onde estão e nem nos perguntamos como ou porque foram  colocadas em determinados lugares; isto aconteceu muito no passado com os  monumentos  e bustos de vultos históricos que foram  parar nas praças das nossas cidades.
Um dos personagens  da história brasileira  que com frequência encontramos nas praças das cidades do nosso Rio Grande, é o  presidente Getúlio Vargas,  imortalizado em  busto de bronze, semelhante ao que encontramos  na Praça Dr. Francisco Carlos dos Santos em Canguçu.
Dia destes, em conversa com a amiga  Luiza Helena Moreira da Silveira, fiquei encantada com uma história que me falou e aqui peço sua licença para registrar o que comentamos. Relembrou ela, uma história de sua meninice que achei muito interessante e pensei  em publica-la neste espaço para registrar o grande evento aqui acontecido no ano de 1956, a “ Inauguração, em praça pública, do busto em bronze do político gaúcho Getúlio Vargas. Preciso frisar que este não é um registro oficial e sim, um registro de história memória, ou seja,  aquela que embora mostre-se mais  atraente, e  que também constitui-se em importante fonte de informação,  não deve, no entanto,  substituir a pesquisa histórica.
Pois bem, dizia ela que naquela época era comum às famílias terem sua preferência partidária e viverem intensamente a vida política do país e esta valorização se estendia aos representantes de seus partidos de preferência. Comentou que seus pais eram da UDN ( União Democrática Nacional) e que sua mãe dedicou-se com entusiasmo, a confeccionar  vassourinhas, símbolo da campanha de Jânio Quadros à presidência da república em 1960, tais vassourinhas seriam usadas como distintivo pelos partidários. Seus vizinhos, os pais do Sr.  Áureo Gonçalves  Klain,  como de resto toda a família, eram simpatizantes do PTB ( Partido Trabalhista Brasileiro) e assim como  grande parcela da população sofreu com o suicídio do presidente gaúcho . Dona Gilda Klain, que participava da ala feminina do partido em Canguçu, juntamente com sua sogra e outras senhoras, idealizaram colocar na praça central da nossa cidade um busto em bronze, em homenagem ao eminente político; partiram elas, então, para a   arrecadação de dinheiro em livro de ouro e para realizar este sonho, contrataram o artista Antônio Caringi, escultor renomado na época, para que esculpisse o busto em bronze do político morto, para assim inaugura-lo em grande solenidade, no dia 24 de agosto, dia em que estaria completando 2 anos de sua morte. Segundo Luiza Helena, o tal busto ficou pronto e antes de ser colocado no local onde encontra-se até os dias de hoje, ficou guardado  na residência de dona Maria Francisca Gonçalves Klain, mãe do Sr. Áureo e avó da professora Gilce Klain. Contou ainda, que  ela e outras meninas da vizinhança, tinham muita curiosidade e até um certo medo de passar pelo quarto, que normalmente encontrava-se escuro e guardava, sob um lençol, o busto daquele  que era considerado um símbolo de adoração e respeito para os seguidores do trabalhismo. Fantasias de criança... Gostoso relembrar.
            Após esta lembrança da amiga Luiza, fui conversar com dona Gilda e ela não só confirmou o que havia sido dito, como também colocou que após a solenidade de inauguração do busto de Getúlio Vargas, onde vários discursos foram proferidos e belas homenagens foram feitas ao político símbolo do trabalhismo, o Sr. Ernani Bento ofereceu jantar em sua residência para os ilustres visitantes Getulistas que vieram para a solenidade. Dona Gilda colocou ainda, que por muitos anos conservou-se o costume na comunidade, de no dia 24 de agosto, data da morte de Getúlio, homenagear o ilustre morto, depositando flores no monumento, realizando vigília de oração, ou proferindo calorosos discursos em sua homenagem. A parte da deposição de flores no monumento eu, enquanto pequena,  cheguei a presenciar.
 
            Mas vamos ao que a história registrou:



BUSTO DE VARGAS

            A Ala Feminina do PTB, tendo tomado a iniciativa  de angariar fundos para a aquisição de um busto em bronze do eminente desaparecido Getúlio Dorneles Vargas, vem  por este meio solicitar a todas as pessoas que desejarem contribuir para essa obra, procurarem um dos membros da seguinte comissão: Doracildes Cruz de Souza, Alda Klain Vaz, Gilda Duarte Klain.





LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL
BUSTO DO PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS 

            Dia 19 de abril ( de 1956 ) a comissão patrocinadora do busto em bronze do presidente Getúlio Vargas, colocou a pedra fundamental na praça Marechal Floriano, com a presença de inúmeras pessoas dentre as quais destacavam-se o presidente do diretório municipal, Sr. João Borges da Silva, Sra. Doracildes Cruz de Souza, presidente da comissão patrocinadora, Srta. Iracema Rodrigues, presidente da Ala feminina do PTB e demais membros deste empreendimento, honrando-nos também com sua presença o Prefeito Municipal Dr. Jacques da Rosa Machado.
            Usou da palavra a digníssima professora do Grupo Escolar Irmãos Andradas, Sra. Terezinha Baldez, que em sua bonita oração trouxe os grandes feitos do presidente desaparecido. Ao finalizar homenageou as Sras. Doracildes Cruz de Souza, Orlandina Rodrigues, Gilda Klain,e as senhoritas Iracema Rodrigues e Maria Fany Motta, as quais estão empenhando sua maior dedicação nesta campanha de recursos Esta comissão deixa aqui os seus agradecimentos e convida ao povo em geral para a inauguração deste ato de patriotismo a realizar-se no dia 24 de agosto próximo vindouro.
                                                                                              Pela comissão
                                                                                       Maria Fany Motta.
Fonte: Jornal: A Voz de Cangussú  de 1º de junho de 1956

A INAUGURAÇÃO DO BUSTO DE GETÚLIO VARGAS 


Conforme noticiamos, realizou-se no dia 24 do mês passado a inauguração do busto do Sr. Getúlio Vargas na Praça Marechal Floriano, nesta cidade em homenagem ao 2º aniversário do passamento do ex-presidente da república.
            Para a consecução dessa homenagem o povo de Cangussú contribuiu materialmente, sem distinções  partidárias. É de se salientar, entretanto, a Ala Feminina do PTB e a Srª. Doracilda Cruz de Souza, idealizadora e propugnadora  do movimento tendente a erigir o busto do ex-presidente  em nossa praça principal.
            As solenidades da inauguração ocorreram às 15 horas, aproximadamente, com grande concentração popular em torno da herma do extinto chefe trabalhista.
            Iniciando desfile de oradores, falou o Sr. Paulo Brasil do Amaral, vereador em Pelotas e orador oficial da homenagem. A seguir usaram da palavra, pela ordem, o Sr. João Borges da Silva, Presidente do Diretório Municipal do partido Trabalhista, Sr. Fausoli Fonseca, coletor estadual de Cangussú; Srtª Orlandina da Silva Borges, em nome da mulher canguçuense; Sr. Olavo Gomes Duarte, em nome do interior do nosso município; Deputado Estadual Walter Girdano Alves, deputado estadual Osmar Grafulha e Dr. Leonel Brizola, prefeito de Porto Alegre.
            O prefeito da capital , que encerrou as solenidades, falou também, em nome do Dr. Paulo Couto, prefeito de São Leopoldo, que se achava presente na ocasião.
            O busto do Sr. Getúlio Vargas é um primoroso trabalho do professor Antônio Caringi, um dos mais notáveis escultores do Rio Grande.

Fonte: Jornal A voz de Cangussú. Nº 82 de 1º de setembro de 1956




                                   




segunda-feira, 23 de março de 2015

Canguçu, terra de índio

          Aproxima-se o dia 19 de abril, data  fixada para que se relembre a presença indígena em nosso país.
          Normalmente esta é uma data lembrada apenas no calendário escolar, quando as crianças dos anos iniciais pintam indiozinhos vestidos com penas coloridas, confeccionam cocares com penas de aves e colares de sementes. Neste aspecto parece que o tempo não passou, lembro ainda de pintar os tais indiozinhos nos meus primeiros anos escolares; meus filhos e com certeza os daqueles que estão lendo esta matéria, também passaram pela mesma experiência: coloriram indiozinhos para decorar a sala, pintaram o rosto e usaram o cocar de penas  em comemoração a esta data, da qual pouco ou nada entendiam de seu enorme significado, pois os índios viviam na fantasia das crianças e assim como os sete anões e a Branca de Neve, saiam da fantasia somente no mês de abril para enfeitar as salas de aula.
          Toda essa introdução serve apenas para relembrar à presença indígena em nossa história, pois o índio é o elemento nativo da terra brasileira, e como tal também habitou nosso chão. Precisamos descobrir e valorizar a herança cultural  deixada pelos indígenas e dedicar tempo de estudo em sala de aula  á  sua real participação na história brasileira.

           Vamos ao registro histórico.

Canguçu e outros municípios da Serra dos Tapes  e do Herval fazem parte do complexo cristalino do RS, com aproximadamente 1 bilhão e meio de anos, sendo as terras mais antigas do RS.
            Na Serra dos Tapes  viviam os índios Tapes da nação Tupi-Guarani.
            A presença indígena em canguçu foi mais acentuada no Canguçu Velho e Rincão dos Maias, onde foram encontrados sinais de cemitérios indígenas.
            Os últimos índios canguçuenses terminaram seus dias no Posto Branco, na década de 30 do século XX.
            Segundo pesquisas arqueológicas realizadas no escudo cristalino do RS por José Proença Brochado nos anos 1969-1970, a fase Canguçu encontrava-se representada por 16 sítios cerâmicos abertos e superficiais, situados sobre o escudo cristalino, desde a sua encosta voltada para o sul até quase o rio Camaquã.
            A maioria dos sítios encontravam-se  no topo das elevações, outros na sua encosta ou quase na base, sempre em terrenos com forte declive. A maior parte foi encontrada dentro da mata que recobria primitivamente o topo das elevações, outros ao longo das sangas, muito raramente nas zonas onde se  mistura mata e campo, distanciando-se do local mais próximo de aprovisionamento d'água, de 100 a 200 metros.
            Em Canguçu foram encontrados 33 vestígios de habitações de planta circular ou elíptica.
            Todos os sítios desta fase seriam de habitação, mas em 3 deles foram retirados 5 urnas funerárias, (Iapepó) uma delas com tampa, contendo outras vasilhas menores, um instrumento e um núcleo lascado, dentes e fragmentos de ossos humanos, indicando que alguns deles constituíram também sítios cemitérios.
            Em cerâmica foram encontrados 3.432 cacos, sendo divididos em 9 tipos, 1 simples e 8 decorados. O método de manufatura observado foi o acordelado e a queima provavelmente efetuada em fogueira aberta. O alisamento da superfície externa da cerâmica sem decoração é, em geral, muito pobre, mas o da superfície interna é bem melhor. Nas formas das vasilhas reconstituídas, entre as poucas características da tradição Tupi-Guarani, predominam as simples ou menos complicadas, em geral de dimensões médias ou pequenas.
            ARTEFATOS LÍTICOS- O material lítico comumente associado a esta fase são as bolas picoteadas com sulcos, os seixos com sinais de uso, lascados ou polidos; algumas lascas muitas vezes corticais, naturalmente cortantes ou pontiagudas, com sinais de utilização ou não e com os restos de lascamento.

            O estudo arqueológico em nossas terras chegou a conclusão que:
 As fases Camaquã e Canguçu parecem mais ou menos contemporâneas, de modo que se poderia pensar que teria se estendido até fins do século XVIII. Esta suposição  é reforçada pelo fato de que no final a cerâmica da última ocupação, indica prováveis contatos com a cultura  europeia , que deram origens a tipos distintos dos típicos da tradição Tupi-Guarani, aproximando-se bastante da tradição neo-brasileira.
            O início das fases Canguçu e Camaquã não foram fixados com  exatidão, no entanto, pode-se pensar que seria relativamente  recente talvez dos séculos XVI e XVII.
            Encontram-se no Museu Histórico Capitão Henrique José Barbosa os  seguintes objetos indígenas:
            Igaçabas, Cambuchi  ou urnas funerárias, encontradas no 3º distrito e na Florida;
            Yapepó e cambuchi, encontrados na Florida;
            Zoólito encontrado no 5º distrito;
            Material lítico, encontrados no Passo da Divisa entre o 2º e o 5º distrito e na Flor da Palma no 5º distrito.
            Cachimbo indígena, pontas de flecha e lanças encontrados na Coxilha dos Campos e no 5º distrito;
            Seixos  ou pedras de boleadeiras.

Fonte: Pesquisa arqueológicas realizada no escudo cristalino  do RS ( Serra do Sudeste), por José  Proença Brochado, nos anos 1969 e 1970 fase de pesquisas  nas terras de Canguçu.


Arquivo: Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa

Fotos: Arquivo fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa