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sexta-feira, 25 de maio de 2018

Exposição Lembranças - Mostra fotográfica Canguçu: seu passado e seu presente

O importante na vida é aquilo que fazemos com amor, por pouco que seja, se nos gratifica não é um fardo nem obrigação, antes pelo contrário é leve e gostoso de realizar.

Imagens da Exposição Lembranças e Mostra fotográfica Canguçu: seu passado e seu presente, realizada pela Academia Canguçuense de História - ACANDHIS- dentro da 16ª Semana Nacional dos Museus.

SEMANA NACIONAL DOS MUSEUS
MUSEUS HIPERCONECTADOS
Novas abordagens, novos públicos


A ACANDHIS  pela segunda vez participa da Semana dos Museus de Canguçu, trazendo uma singela contribuição, porém, um resgate histórico de nossa comunidade de grande importância, visto que ressuscita atividades, lugares e pessoas talvez a muito sepultadas na nossa memória.
Museus hiperconectados, este é o  tema desta Semana Nacional dos Museus e da exposição da ACANDHIS deste ano.
Enquanto pensávamos em como poderíamos contribuir, sem sair da ideia proposta, resgatamos fotografias mostrando um Canguçu que ainda vive na  lembrança de muitos ao lado de fotografias que apresentam o mesmo local na atualidade; trabalho postado pelo acadêmico Géder  Barbosa no facebook em várias oportunidades, com o objetivo de enaltecer esta terra.
Aproveitando a brincadeira que “rolou” na internet – Facebook “Se diz cria de Canguçu mas...” e ai eram postadas as lembranças de cada um, achamos providencial a brincadeira e registramos algumas lembranças para que nossos amigos das redes sociais também registrassem suas lembranças.
Contamos  com o apoio do amigo Eduardo Lobo Costa que gentilmente enviou as lembranças postadas a mais tempo e que não conseguimos capturar. Assim sendo espero que a exposição agrade a todos e que mas que agradar, desperte recordações que gostaríamos que, ao visitarem a exposição, deixassem registradas para que assim possamos nos apropriar mais da História da nossa querida Canguçu.
Resta-nos dizer que são  muitas e muitas lembranças felizes, de um Canguçu que “NÃO FOI”, de um Canguçu que “É” a grande paixão dos filhos desta terra, pois se assim não fosse não guardaríamos com carinho tantas doces lembranças.





quarta-feira, 16 de maio de 2018

De Pelotas a Cangussú em autos Ford

Adoro ler jornais antigos e descobrir estas preciosidades.
Muitas vezes sinto como se tivesse presenciado tudo isso.
Tudo tão singelo e tão significativo.
Reparem na importância dada a educação, visitas importantes obrigatoriamente visitavam a escola, eram acolhidas  com respeito pelos alunos e professores... Tudo tão diferente. Nossos aluno hoje não se empolgam com visitas  as escolas, principalmente se forem políticos e sinceramente não podemos culpa-los, antes, pelo contrario, temos que acompanha-los na indignação.
Tanta coisa mudou neste país, principalmente no que se refere aos valores morais e éticos.
Que pena!

Mas deixemos estas considerações para lá e vamos apreciar esta notícia do ano de 1913.


De Pelotas a Cangussú em autos “Ford”
Empresa Jorge Ribeiro & C.

                Sob os melhores auspícios inaugurou-se a linha de automóveis, da empresa Jorge Ribeiro  &C. entre Pelotas e Cangussú.
                Nesta viagem inicial, a convite, tomaram parte o nosso amigo Sr. Carlos Souza, d’ Opinião Pública, F Paradeda, desta folha e, além do apreciado cavalheiro Sr. Manoel Ribeiro, representante da empresa, os estimáveis senhores Antônio Amaral, Donato Freda, Maurício Correa de Paiva e Marcelino Ribeiro Filho.
                A partida dessa cidade deu-se as 7h 20min da manhã, sob um chuvisqueiro impertinente a previsão, devido as últimas chuvas, de que as estradas encontrar-se-iam más.
                Não quis porém, a boa estrela da empresa, ou dos viajantes, que tão má impressão e pior expectativa se mantivessem, pois os trechos de estradas sucediam-se em condições regulares e o sol, em pouco, tocava os cerros alterosos, vestindo a natureza de galas e aos excursionistas provocando alegrias.
                Os autos, dois novos e excelentes double phaeton de 20 cavalos, da reputada marca Ford, preferidos pela sua construção solida, simples mecanismo e conforto, deslizavam suaves e silenciosos, chegando a desenvolver a velocidade de 45 quilômetros  a hora.
                Em um ou outro ponto esta marcha era diminuída, já pelas condições naturais do terreno, já pela má conservação ou por efeito do trânsito que por eles se faz e que é enorme.
                Pouco depois das 11 horas e despertando a natural curiosidade dos habitantes, que alvoroçados, chegavam às janelas, penetravam os dois autos , aos sons álacres de suas buzinas, na alegre e linda Villa de Cangussú, indo parar à porta de seu operoso  intendente, nosso distinto amigo Sr. Coronel Genes Bento.
                Recebidos com essa tradicional e cavalheiresca hospitalidade rio grandense, os excursionistas ai pouco se demoraram, retirando-se momentos depois, acompanhados do Coronel Genes Bento, para o Hotel Progresso onde fez, gentilmente, servir excelente almoço.Durante este chegavam cavalheiros que iam cumprimentar os forasteiros.
                Terminado almoço e acompanhados dos nossos prestimosos e dignos amigos, Srs. Dr. Cezar Dias, Juiz da Comarca, Major José Albano de Souza, Promotor Público e Coronel João Paulo Prestes, os excursionistas saíram a passeio, visitando o espaçoso e belo edifício da Intendência, o templo Católico sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição e o Colégio Elementar. Neste funcionavam no momento as três classes, com uma frequência superior a 120 alunos.
                Acompanhados do zeloso diretor do estabelecimento, nosso amigo Sr. João Gualberto  Pinto Bandeira, os excursionistas visitaram  as referidas classes, cumprimentando seus inteligentes professores.
                No livro de visitas, o nosso companheiro F. Paradeda  lançou a lisonjeira impressão que lhe causara o Colégio Elementar, subscrevendo todos os presentes.
                Aproximando-se a hora do regresso, os excursionistas dirigiram-se ao palacete do coronel intendente do município, a fim de apresentar-lhe despedidas, sendo recebido pelo Coronel Genes Bento e sua Exma.  e virtuosa esposa que a todos cercava dos mais cativantes afagos.
                Após a ligeira palestra, os presentes foram convidados a passar à sala de refeições, sendo-lhes servida uma taça de champanhe.
                Brindaram por essa ocasião: o Sr. Coronel Genes Bento,  a Empresa Jorge Ribeiro & C., congratulando-se pelo melhoramento, inaugurando e fazendo votos pelo seu melhor êxito; o nosso amigo Cesar Dias que por tantos anos redatou o Correio Mercantil, saudando a imprensa de Pelotas nos representantes da Opinião e Diário ; o nosso companheiro F. Paradeda, ao nosso Coronel Genes Bento e Dr. Cesar Dias, dignos representantes dos poderes municipal e judiciário, o Sr. Manoel Jorge Ribeiro & C., ao Coronel genes Bento e sua distinta família.
                Trocaram-se após as despedidas , retirando-se os excursionistas, gratamente penhorados ao acolhimento do fidalgo Sr. Coronel Genes Bento e sua distinta consorte, para o Hotel Progresso, onde já os aguardavam os velozes e elegantes Fords.
                Permutados outros adeuses , entre votos de: - Boa viagem! Aos que partiram e de: - Até a volta! Aos que ficavam, os motores roncaram, os “chauffeurs” moveram as alavancas , acionaram os “guidons” e as duas viaturas deslizaram rápidas pelas lindas ruas de Cangussú, descobrindo-se os que nelas iam  numa saudação aos seus hospitaleiros habitantes, enquanto as “sirenas” vibravam sonoras, até que seus sons se perdessem ao longe.
                O regresso foi feito como a ida, sem incidentes, graças a perícia dos chauffeurs Hildebrando Ferreira da Silva e Feliciano e portando-se os automóveis de modo a confirmar  a justa nomeada da fábrica Ford.
                Descontadas as paradas, a viagem, tanto de ida como de volta, foi feira em quatro horas, sendo o percurso de 14 léguas para lá e outras tantas para cá.
                É, sem dúvida um tempo excelente, que vai se tornar menor quando se completarem as reparações que os dignos intendentes deste e do município vizinho vão mandar proceder nas estradas.
                Terminando esta breve notícia, damos parabéns a população de Cangussú pelo relevante melhoramento e aos Srs. Jorge Ribeiro &C. desejamos a melhor correspondência à iniciativa que acabam de efetuar.
                É este o horário da empresa: saída de Pelotas às segundas e sextas-feiras ao meio dia. Regresso: às terças-feiras e sábados, às 6 horas da manhã.
                O preço da passagem simples é de 15$000 e redonda 30$000, com 10% de abatimento.

Fonte: Jornal Diário Popular – 31 de julho de 1913- Arquivo Conrado Ernani Bento Cx- A volume 1