"Vida
que brota da alma, escondida o ano inteiro...
Vem à
tona com tamanha euforia, com tanta intensidade
Que parece não caber na forma que a encerra,
E
ri... e canta... e dança... e vive tudo
de uma vez ,
Para
depois dormir mais um ano, sossegada e serena.
Se
olhar assim, com olhos comuns, não se identifica esta alma intensa
Que
dorme na quarta-feira para voltar no próximo carnaval."
Falar de Carnaval em Canguçu hoje é muito difícil,
especialmente para quem é amante desta festa que retrata em sua essência o
povo brasileiro, que mostra esta cultura tão particularmente nossa, tão
vibrante e miscigenada... É algo que está no sangue, na alma, não se explica e
não se entende. Dificilmente um brasileiro é indiferente ao samba, este ritmo
tão envolvente e muitos esperam o ano inteiro por esta época do ano para
cair na folia, sambar, brincar e pular até que chegue a quarta-feira
para então, como o palhaço que sai da caixa de surpresa, voltar com cara de saudade para só sair
novamente no próximo carnaval. Isto tudo é mágico e só é percebido por aqueles que tem dentro de si o sentimento
carnavalesco.
Mas não é fácil falar
de Carnaval quando ele se mostra tão diferente na minha Canguçu, diferente sim,
pois já tivemos um Carnaval empolgante, envolvente, alegre e quem brincou o
Carnaval no Salão do Harmonia até a final da década de 90, sabe do que estou
falando. O novo século chegou, cheio de vida, de novidades mas o que se foi
levou com ele a magia do Carnaval Canguçuense.
Muitos blocos carnavalescos encheram os salões do Clube Harmonia e do Clube Recreativo América
de alegria. Pessoas como o saudoso “Tio Arlindo Almeida” com seu bloco dos
bichos, o seu Manoel e o Paulinho, jamais serão esquecidas ao relembrarmos os antigos
carnavais de rua, quando os mascarados faziam a festa .
Os blocos tradicionais como o Sacarrolha, o Rebu, as
Bruxas, o Cordão do Amor, O ET , Los Tarados, os Bugres, os Maconeiros,
e outros tantos que no momento não lembro, formados por casais ou jovens que brilhavam com suas fantasias que luxuosas, criativas ou apenas expressando
ideias em camisetas coloridas viviam este momento tão esperado e a alegria era
contagiante desde o “Grito de Carnaval” , passando por quatro ótimos bailes de salão e
acabando na quarta-feira de cinzas , mas
é claro que o que me deixou mais saudade
foi o nosso “Deixa Falar”, bloco animado
que fez a nossa alegria por 10 Carnavais.
O “Deixa Falar” nasceu no carnaval de 1989, sendo seu nome
uma homenagem a primeira escola de samba do Rio de Janeiro e teve como tema a
“Oficialização da pilcha gaúcha”. Os primeiros componentes foram M. Zuleica G.
Reyes, Géder Luiz G. Barbosa, os irmãos
Cacilda, Patrícia e Carlos Manke Bento, João Nei Pereira das Neves, Adriane e
Andréia Maximino dos Santos, Gerson Flores Maciel, Marcos Paulo Barbosa de
Souza e Angelita Barbosa. O bloco contou com a colaboração especial de Nede
Adam Manke , do casal Paula e Paulo
Perchim e da querida tia Zaida Bento que inclusive nos emprestou o porão da sua
casa para sede do bloco, o qual batizamos de “Submundo”. Naquele ano a rainha
do carnaval do Harmonia foi Cátia Dittgen Vergara.
Muitos amigos foram chegando e outros acabaram deixando este
bloco carnavalesco tão especial. Integraram-se ao “Deixa Falar”: Airton Flores
Maciel, Flávia e Carla Rosane Casarin Flores, Orivelson de Souza Moreira,
Eliane Bichinho Oliveira, Marcos Manke, Noé Izomar de Moura da Silva, Maria
Cândida Reyes Gularte e Mario Alberto Morales Gularte, Adriano Martin Funk,
Sérgio Hianduí Nunes de Vargas, Carla Borges Guerra, Zelton Pereira das Neves,
Marcelo Guerra da Cunha, Flávio Manke Júnior, Jane Maria
Guerra da Cunha e Saul Moreira da Cunha, Cláudia Silva da Fonseca, Luciana
Maciel Viana, Alexandre da Silva Soares e Simone Bório Soares, Marivan Souza da Silva Vergara e Fábio Prestes Vergara, Cláudio Roberto Rosa Quevedo, Ângela Maria Silveira Jacondino e Carlos Benhur Nunes Jacondino, Arlete Riskow Camargo e Cíntia Ferreira Specht.
Foram presidentes do Bloco carnavalesco Deixa Falar: Carlos
Manke Bento, Géder Luís Goulart Barbosa,
Patrícia Manke Bento, Miriam Zuleica Goulart Reyes, Jane Guerra da Cunha,
Simone Bório Soares, Fábio Prestes Vergara e Adriane Maximino dos Santos.
Maravilhoso lembrar tudo isso... rever fotografias, relembrar
as músicas que eram compostas baseadas nos temas apresentados pelo bloco. Além
de todas essas lembranças ainda guardamos as camisetas, algumas fantasias, faixas, o estandarte e os troféus que o bloco
conquistou ao longo dos 10 anos de existência.
Parabéns ao nosso “Deixa Falar” e a todos os Blocos
Carnavalescos que animaram o Carnaval de Canguçu em todas as épocas.
Fotos: Carnaval de 1989 e Carnaval de 1995 - Arquivo fotográfico particular
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