Aproxima-se o dia 19
de abril, data fixada para que se
relembre a presença indígena em nosso país.
Normalmente esta é uma data lembrada
apenas no calendário escolar, quando as crianças dos anos iniciais pintam
indiozinhos vestidos com penas coloridas, confeccionam cocares com penas de
aves e colares de sementes. Neste aspecto parece que o tempo não passou, lembro
ainda de pintar os tais indiozinhos nos meus primeiros anos escolares; meus
filhos e com certeza os daqueles que estão lendo esta matéria, também passaram pela
mesma experiência: coloriram indiozinhos para decorar a sala, pintaram o rosto e
usaram o cocar de penas em comemoração a
esta data, da qual pouco ou nada entendiam de seu enorme significado, pois os
índios viviam na fantasia das crianças e assim como os sete anões e a Branca de
Neve, saiam da fantasia somente no mês de abril para enfeitar as salas de aula.
Toda essa introdução serve apenas para relembrar à presença indígena em
nossa história, pois o índio é o elemento nativo da terra brasileira, e como tal
também habitou nosso chão. Precisamos descobrir e valorizar a herança cultural deixada pelos indígenas e dedicar tempo de
estudo em sala de aula á sua real participação na história brasileira.
Vamos ao registro histórico.
Vamos ao registro histórico.
Canguçu e outros
municípios da Serra dos Tapes e do Herval
fazem parte do complexo cristalino do RS, com aproximadamente 1 bilhão e meio
de anos, sendo as terras mais antigas do RS.
Na
Serra dos Tapes viviam os índios Tapes
da nação Tupi-Guarani.
A
presença indígena em canguçu foi mais acentuada no Canguçu Velho e Rincão dos
Maias, onde foram encontrados sinais de cemitérios indígenas.
Os
últimos índios canguçuenses terminaram seus dias no Posto Branco, na década de
30 do século XX.
Segundo
pesquisas arqueológicas realizadas no escudo cristalino do RS por José Proença
Brochado nos anos 1969-1970,
a fase Canguçu encontrava-se representada por 16 sítios
cerâmicos abertos e superficiais, situados sobre o escudo cristalino, desde a
sua encosta voltada para o sul até quase o rio Camaquã.
A
maioria dos sítios encontravam-se no
topo das elevações, outros na sua encosta ou quase na base, sempre em terrenos
com forte declive. A maior parte foi encontrada dentro da mata que recobria
primitivamente o topo das elevações, outros ao longo das sangas, muito
raramente nas zonas onde se mistura mata
e campo, distanciando-se do local mais próximo de aprovisionamento d'água, de 100 a 200 metros .
Em
Canguçu foram encontrados 33 vestígios de habitações de planta circular ou
elíptica.
Todos
os sítios desta fase seriam de habitação, mas em 3 deles foram retirados 5
urnas funerárias, (Iapepó) uma delas com tampa, contendo outras vasilhas
menores, um instrumento e um núcleo lascado, dentes e fragmentos de ossos
humanos, indicando que alguns deles constituíram também sítios cemitérios.
Em
cerâmica foram encontrados 3.432 cacos, sendo divididos em 9 tipos, 1 simples e
8 decorados. O método de manufatura observado foi o acordelado e a queima
provavelmente efetuada em fogueira aberta. O alisamento da superfície externa
da cerâmica sem decoração é, em geral, muito pobre, mas o da superfície interna
é bem melhor. Nas formas das vasilhas reconstituídas, entre as poucas
características da tradição Tupi-Guarani, predominam as simples ou menos
complicadas, em geral de dimensões médias ou pequenas.
ARTEFATOS
LÍTICOS- O material lítico comumente associado a esta fase são as bolas
picoteadas com sulcos, os seixos com sinais de uso, lascados ou polidos;
algumas lascas muitas vezes corticais, naturalmente cortantes ou pontiagudas,
com sinais de utilização ou não e com os restos de lascamento.
O
estudo arqueológico em nossas terras chegou a conclusão que:
As fases Camaquã e Canguçu parecem mais ou
menos contemporâneas, de modo que se poderia pensar que teria se estendido até
fins do século XVIII. Esta suposição é
reforçada pelo fato de que no final a cerâmica da última ocupação, indica
prováveis contatos com a cultura europeia
, que deram origens a tipos distintos dos típicos da tradição Tupi-Guarani,
aproximando-se bastante da tradição neo-brasileira.
O início das fases Canguçu e Camaquã
não foram fixados com exatidão, no
entanto, pode-se pensar que seria relativamente
recente talvez dos séculos XVI e XVII.
Encontram-se no Museu Histórico
Capitão Henrique José Barbosa os
seguintes objetos indígenas:
Igaçabas, Cambuchi ou urnas funerárias, encontradas no 3º
distrito e na Florida;
Yapepó e cambuchi, encontrados na
Florida;
Zoólito encontrado no 5º distrito;
Material lítico, encontrados no
Passo da Divisa entre o 2º e o 5º distrito e na Flor da Palma no 5º distrito.
Cachimbo indígena, pontas de flecha
e lanças encontrados na Coxilha dos Campos e no 5º distrito;
Seixos ou pedras de boleadeiras.
Fonte: Pesquisa arqueológicas realizada no
escudo cristalino do RS ( Serra do
Sudeste), por José Proença Brochado, nos
anos 1969 e 1970 fase de pesquisas nas
terras de Canguçu.
Arquivo: Museu Municipal Capitão Henrique
José Barbosa
Fotos: Arquivo fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa
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