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sábado, 24 de agosto de 2013

Dia de chuva...mate doce e brincadeira de boneca

             Em dia de chuva não tem como não escrever.

          O frio e a chuva me prendem em casa... teria uma infinidade de coisas para fazer, arrumar armários, dar seguimento ao trabalho de conclusão de curso que estou fazendo, porém, confesso, as lembranças vão vindo como os pingos de chuva que caem na janela fazendo barulho.
          Hoje ainda, comentei que o inverno está rigoroso, o frio esta intenso e usei aquela frase tão comum de se ouvir " A muito tempo não fazia um frio destes"... Com certeza frios como estes já fizeram muitas vezes, nós é que insistimos em não lembrar, mas sempre terá aquele em que nossa memória ficou...algum inverno passado, quando o frio nos deixou alguma lembrança.
          Sempre que sinto o frio, ou me vejo em um dia como o de hoje, imediatamente me vem a mente o fogão à lenha da casa da minha querida avó Jacy.; deixava a cozinha quentinha, mas eu suspeito que o maior calor vinha do carinho e da doçura daquela velhinha tão mimosa. Fazíamos rodadas de tricô à volta do fogão, recheadas de comentários, mate doce com casquinha de laranja ou bergamota, rosquinhas doces ou salgadas, ou talvez um delicioso pão chato com torresmo.
       Mais atrás um pouco no tempo, lembro a chegada do colégio, vinhamos do Aparecida literalmente entanguidas pelo frio e o vento. Chegávamos: eu, a mana e a nossa prima Paula, que morava com a minha avó para estudar, e lá estava a velhinha esperando com um chazinho quente e nos mandando ficar perto do fogão para passar o frio, somente depois íamos almoçar, pois ela defendia a   tese que se almoçássemos  com frio a comida iria ficar parada no estômago... Linda minha avó Jacy, sempre tão atenciosa...  Depois de todo este ritual íamos brincar de "Susi". Susis eram umas bonecas bonitas, no estilo Barbie, mas bem mais bonitas. Eu fui a última a ganhar a minha Susi, mas fiquei no lucro, a minha era articulada, dobrava os braços e pernas, mexia a cintura e as mãozinhas... um luxo... cabelos cacheados, louros e vestida com um logo branco para festa... Tudo de lindo! Chamava-se Tatiana... eu a ganhei no natal. Todas nós tínhamos uma Susi só e não uma profusão de bonecas semelhantes como as meninas de hoje tem; para que mais que uma, aquela que tínhamos tinha o privilégio de ser  a companheira  inseparável... e como brincávamos; fazíamos roupinhas, festinhas, comidinhas.
           Na casa da minha avó tinha um jardim interno muito bonito, com uma roseira de cachinhos com pequenas rosinhas amarelas, era linda; tinha uma flor que nós chamávamos de picolé, era lilás, muito diferente... Estranho como não foi só eu que cresci e mudei, as flores também mudaram; a muito tempo não vejo flores como aquelas, nem sinto o doce perfume das rosas na primavera... Ah! a primavera era intensa, cheirosa, florida, ouvia-se o canto dos pássaros, sentia-se o calor morninho do vento; era tudo muito diferente... Não sei... de repente foi eu que cresci e tudo isso era apenas a minha visão de criança... Pode ser, mas tenho a certeza que esta visão de saudade da infância não é só minha, ela esta presente na memória de muitos que buscam nos dia de chuva voltar ao passado e reviver lembranças tão doces.   


2 comentários:

Paula Perchin disse...

Saudade muita saudade
Ao ler não consigo conter aslágrimas, elas caem sem controle.
Lembranças de uma infância muito feliz recheadade de brincadeiras criativas. E como diz o ditado: "Tempo bom que não volta mais".Só resta guardá-lo na lembrança.
Amei!
Beijo no coração.
Paula

Anônimo disse...

Belíssima história! Meus parabéns e obrigado por nos fazer recordar e proporcionar histórias tão encantadoras como essa.


POR FAVOR, continue escrevendo. Acesso bem seguido teu blog a procura de mais histórias.

abraço