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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

50 anos da Campanha da Legalidade

Muito se tem falado sobre a Campanha da Legalidade. A RBS exibiu aos sábados uma série de programas comemorando os 50 anos desta Campanha que movimentou o cenário político do país na década de 60. É claro que um movimento de importância ímpar só poderia ter nasci do no Rio Grande do Sul.
A Legalidade foi um do maiores movimentos populares do Brasil. A reação de Leonel Brizola ao golpe dos militares para impedir a posse de João Goulart na Presidência da República, após a renúncia de Jânio Quadros , no dia 25 de agosto de 1961, mudou a História política brasileira. A firmeza de Brizola no episódio fez dele um líder nacional e retardou a conspiração da direita que somente se concretizou no golpe militar de 64.
O dia 26 de agosto, data da Legalidade, faz parte do calendário de lutas do povo brasileiro pelo respeito a seus direitos políticos.
De volta ao passado...
O personagem mais importante deste episódio histórico, sem dúvida foi Leonel Brizola e foi
também um dos personagens mais famosos de minha infância, pois criada entre Brizolistas de coração:
meus pais, avós, meu tio e também alguns vizinhos, passei boa parte da minha infância e juventude
com anseios de ver o líder, Leonel Brizola, de volta ao país e com a certeza de que quando isso acontecesse
teríamos eleições diretas para Presidente da República e então ele (Brizola), ocuparia o lugar no cenário
político brasileiro que nós, Brizolistas, tanto esperávamos.
Cresci com esta ilusão, meu avô e meu pai contavam-me fatos interessantíssimos da história
política do país e, para mim, Brizola era o homem que se enquadrava nas palavras: honra, justiça,
destemor. Sinto que nada tenha saído como tantos esperavam e que ele, Brizola, nunca tenha chegado a Presidência, deixando-nos sempre a dúvida " Como seria?"

Fotografia de Antônio Farias Reyes, meu pai, cumprimentando Leonel Brizola, em uma de suas vindas a Canguçu. 

Meu pai foi um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT) em Canguçu, juntamente com Anatalino Vergara, Aureo Klain, João Francisco de Mattos, Francisco Assis Morales Nunes, e tantos outros que no momento não lembro, somente uma coisa nunca esqueci... o entusiasmo daqueles homens quando houve a abertura política, quando os novos partidos passaram a ser criados.
Aos 18 anos, fiz meu título de eleitora ( na época só poderia ser feito aos 18 anos) e imediatamente me filei ao Partido; tenho ótimas recordações das reuniões da "Ala Jovem", quando liderados por João Manoel Machado Nunes, o Batatão, íamos a comícios, realizávamos todos estes trabalhos que antecedem uma campanha eleitoral. Nosso grupo contava com a presença do Newton Vergara, o Nevinho, querido amigo que tão cedo partiu e a quem o grande amigo de meu pai, Anatalino, dizia ser o seu sucessor na política; rindo claramente da situação do pobre do "Antoninho", porque não tinha filho homem para lhe suceder, o que não raramente terminava com desafio de discursos empolgados entre eu e o Nevo para saber quem era o melhor. Bons tempos... lindas lembranças!
Tudo passa na vida! Os maus momentos e também os bons... e ai passamos a lembrar com saudades. Fui a única companheira política de meu pai, pois minha mãe e irmã não gostavam do envolvimento, sendo assim, juntos vivíamos intensamente cada campanha política.
Em poucos momentos na vida vi meu pai tão arrasado como quando soube da morte de Brizola...chorou como criança... muito por pesar e, talvez, mais ainda por já se sentir tão frágil pela doença da qual era vítima, que ia lhe tirando as forças dia a a dia. O que sei é que disse que não mais queria falar em política, que não votaria mais, que tudo era página virada.
E foi mesmo, Brizola foi o seu grande ídolo e ao morrer levou com ele grande parte da história de vida de meu pai; foram anos e anos dedicados a defender com unhas e dentes aquele a quem acreditava ser o verdadeiro "Salvador da Pátria". Dentre aqueles que me lembro, morreram Brizolistas, Meu pai, meu avô Otacílio Goulart, Áureo Klain, Anatalino Vergara, Mariozinho Silveira, Antoninho Rodrigues, e tantos outros canguçuenses.
Parabéns a todos os brasileiros que conseguiram, com sua luta vencer a ditadura que calou este país por vinte anos.
Embora muito tempo depois... Parabéns ao Brizola pela coragem e destemor de afrontar os poderosos montando a "Cadeia da Legalidade" e mostrar aos demais, que pode o restante do país ficar calado, mas se alguém levantar a voz, com certeza será um gaúcho.


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