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domingo, 3 de abril de 2016

Nossa Igreja Matriz... Nosso belo cartão postal












A muito tempo não me dedico a este blog... 

Hoje bateu a saudade...

Quando vejo, imponente, a Igreja Matriz lançando seu olhar sobre os filhos desta terra... 

Relembrando a história, sei que a "nossa Igreja", o nosso "cartão postal", no passado enfrentou sérias dificuldades estruturais e também,  devido ao grande número de seguidores, sua estrutura  ficou pequena para abrigar os fiéis, precisando recorrer a uma reforma do templo, achei importante trazer a vocês esta história.

Gostaria de registrar que quando falo "nossa Igreja Matriz" é porque a percebo de todos os Canguçuenses, católicos ou não. Justifico que embora não sendo Católica, reconheço a importância histórica deste templo  e desejo que para todo o sempre esteja nossa igreja ali, naquela esquina, com suas portas abertas, acolhendo os canguçuenses e visitantes, mostrando toda a sua beleza, elevando os espíritos de todos os que passam pelo seu portal, seja em busca de consolo espiritual, das bençãos do Senhor ou para uma simples visita.

Que nossa bela Igreja Matriz viva para sempre.



AS OBRAS DA IGREJA MATRIZ DE CANGUSSÚ.

OBS: Na época o nome do município era escrito com  SSÚ, tendo sido alterada para “ Canguçu” somente na década de 1960. O título da matéria foi escrito conforme o original, nas demais vezes em que a palavra aparece usei a grafia atual.

             Entre as várias obras de arte em andamento no sul- do país, de autoria e realização do artista conterrâneo Adail Bento Costa, inclui-se a centenária Igreja Matriz de Canguçu.

TEMPLO CENTENÁRIO E COMBALIDO

            Esta igreja, contando atualmente 150 anos, atingira um péssimo estado, quanto a sua resistência, embora toda construída em pedra. Lançada em boas proporções arquitetônicas, sobretudo para a época em que foi construída já se tornara pequena para a cidade atual.

TORNOU-SE NECESSÁRIO AUMENTA-LA

            Formaram-se duas correntes, uma era a favor da conservação da antiga igreja, coisa alias justíssima, em se tratando de patrimônio histórico e quiçá artístico, pois a igreja encontrava-se por último, completamente deturpada. A outra, era de opinião que se deveria demolir o templo, fazendo-se uma outra igreja completamente nova  e em bem maiores proporções.

CONVIDADO O ARTISTA

            Indo a passeio a Canguçu, Adail Bento Costa foi convidado a dar sua opinião sobre o assunto. Achamos que a comissão-de-obras agiu com grande felicidade em convidar o artista, porque sendo ele um dos maiores conservadores de arte antiga do Brasil, conseguiu num relance conciliar os dois pontos-de-vista, ou seja, conservando a linha arquitetônica primitiva e aumentando a resistência e o tamanho necessário aos fiéis.

CONCILIADOS OS PONTOS DE VISTA

            Estes dois pontos-de-vista foram unidos da seguinte maneira: conservando a fachada com as duas torres, restaura-las, suprimindo tudo o que tenha sido adicionado posteriormente à construção (deturpações), demolir o resto da igreja e construir outra mais longa, composta de 3 naves, separadas por arcos laterais, capela-mor, capela Nossa Senhora das Graças, uma sacristia e uma biblioteca que por sua vez liga-se a casa paroquial.

PERSPECTIVA DA OBRA EM CONJUNTO

            A igreja está situada defronte a praça central. No decorrer da fachada, à esquerda, será construído um muro e portões coloniais, dando acesso a um jardim e casa paroquial que é ligada a matriz, fazendo parte integral do bloco da construção. Do lado direito há uma rua em declive que, chegando à parte posterior dá-nos mais 4 metros  e vinte de altura ao templo. Tal diferença facilitou a construção de um grande salão paroquial sob a sacristia e que abrange toda a largura da igreja.
            Sendo assim, de vários pontos da cidade, essa obra nos dará perspectivas surpreendentes de grande beleza quer no que diz respeito à obra de estilo, como enquadrada em conjunto no difícil e pitoresco plano urbanístico.


DECORAÇÃO DO TEMPLO

            Será feita no gosto da época em que foi construída, queremos dizer: primando pela singeleza. Assim as paredes serão caiadas de branco. Os tetos em óleo branco-fosco. Os altares nichos, em óleo branco- fosco e molduras, florões e demais ornatos, serão recortados em azul-português brilhante. As portas internas e externamente, no mesmo azul. As imagens serão as mesmas antigas, em cedro esculpido, laminadas em ouro e pintadas em estilo barroco, restauradas por Adail bento Costa, os lustres e demais pendentes de iluminação, obedecerão estritamente as exigências do estilo, bem assim as credências, os bancos a mesa da comunhão, confessionários e demais mobiliários  ao culto.
            Serão conservados também a pia batismal (trabalho originalíssimo, rústico em granito)e mais duas para água benta, à entrada da porta principal. É preciso acentuar que todo o mobiliário será desenhado e dirigido por Adail Bento Costa.

EXEMPLO DE GENEROSIDADE DIGNO DE IMITADORES

            Adail Bento Costa nasceu na cidade de Pelotas. Sua Exma. progenitora era filha de Canguçu, pertencendo à tradicional família Bento, uma das maiores lá existentes. Eis um dos motivos pelos quais ao aceitar a responsabilidade da obra, o artista ofertou gratuitamente o seu trabalho.
            Saudando o povo canguçuense  no primeiro centenário de sua cidade, almejamos que esse exemplo de desprendimento encontre eco entre os verdadeiros amigos dessa terra de tradições heroicas e de rasgos generosos, empenhados seriamente em dotar em breve a sede municipal de uma obra arquitetônica digna de seus reconhecidos foros de cultura.


Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição
Ano: 1949

Arquivo fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa
 Estamos publicando nesta página uma reportagem sobre a restauração da Matriz de Canguçu (trabalho do nosso prestimoso colaborador Dr. Francisco Dias da Costa Vidal) em que são focalizados pormenores da obra.
           
Nada mais justo e oportuno do que entrevistar o Dr. Tasso Selistre, presidente da comissão de obras, a fim de que nos relatasse o trabalho da mesma comissão na importante campanha em prol da restauração do tradicional templo.

IMPORTANTES DECLARAÇÕES DO DR. TASSO SELISTRE

            Abaixo transcrevemos nossas perguntas e as respostas do Dr. Tasso Selistre, presidente da comissão de obras pró-restauração da matriz de Canguçu:

-Como está constituída a Comissão de Obras?

-A atual Comissão de Obras data de 7 de dezembro de 1953, quando nomeada por S. Excia. Rvma Dom Antônio Zattera , D.D. Bispo Diocesano, o qual houve por bem distinguir-nos com a presidência,  sendo constituída de mais os seguintes membros efetivos : Hugo Nobre do Nascimento, vice-presidente; Cândido Silveira Van-Gysel, primeiro tesoureiro; Thomaz Fonseca, segundo tesoureiro; Raul Soares da Silveira, secretário.
É óbvio que a Comissão sempre foi assessorada pelos Ver. Padres da paroquia Júlio Marins e Zomar Garcia, vigário e coadjutor respectivamente, e Hilário de Melo Munhoz e Severino Frizzo, que o sucederam.

-Como foi iniciada a campanha para angariação de fundos para a vultosa obra?

          -As condições precárias do velho e tradicional templo a muito prendiam a atenção dos católicos de Canguçu e preocupavam os seus frequentadores. Daí uma série de iniciativas levadas a efeito no decorrer dos anos, seja para soluções de emergência, seja para uma obra de caráter definitivo e que já se vislumbrava. Neste sentido destaca-se a campanha desenvolvida por um grupo de senhoras da sociedade local, encabeçada pela distinta dama D. Cacilda Moreira Bento, pertencente a uma das mais antigas famílias do município, cuja coleta somada a outros donativos, proporcionou a comissão uma apreciável base para o começo de suas atividades, um encaixe de cerca de Cr$ 100.000,00, isto nos primeiros meses de 1954.
   Posteriormente novas instituições foram criadas, por exemplo: a dos legionários, os que contribuíam com um mínimo de Cr$ 2.000,00 ainda que parceladamente e que terão os nomes gravados  no interior da Igreja; a dos provedores, a cargo das dedicadas zeladoras do apostolado da oração e auxiliares,  o  que mediante módicas contribuições mensais , ensejam  a indenização de pequenas e correntes despesas; a dos obreiros, isto é, os que contribuem com mão de obra ou material de construção. Acresçam-se  a isso prestimosas  doações de fiéis  e amigos de Canguçu.
           
         - Em quanto está orçada a restauração final?

         - O projeto adotado é de autoria do preclaro professor Adail bento Costa , acompanha-se de um orçamento  a título informativo que supera Cr$ 3.000,00. Todavia cumpre salientar  que esse custo baixará muito dadas a orientação seguida  e a reiterada gratuidade  verificada: Planta, responsabilidade  do arquiteto, serviços materiais ,transporte, etc.

         - Para quando está previsto o término da obra?

        -Não há tal previsão, precisamente porque a reconstrução da Matriz está e continuará subordinada as condições do momento, às possibilidades que se abrirem em consonância com a maior ou menor cooperação encontrada. Pode-se dizer que os canguçuenses tem em suas mãos o controle da celeridade das obras.

         -Como foi recebida pela população de Canguçu a ideia da restauração da Matriz?

        -Não se trata de uma ideia recente e sim amadurecida. A diferença está em que, agora se a pôs em prática, se  concretizou. Alias uma decorrência imperante da necessidade. A edificação antiga se ressentia da ação prolongada e destruidora do tempo, tanto que três técnicos condenaram-na, chegando a admitir o perigo de que ruísse.

       - Tem sido bem recebida pelos canguçuense a campanha desenvolvida pela comissão de obras?

    - Tudo faz crer numa afirmativa, mesmo diante da generosidade dos auxílios prestados e do interesse, quiçá, entusiasmo, manifestado pelos canguçuenses  no reerguimento da Matriz. Isso até permitiu a aquisição de um valioso prédio, situado na Praça Marechal Floriano, em pleno centro da cidade, a construir um fundo patrimonial da paroquia e resolvendo a difícil situação criada com a demolição do primitivo templo: instalação transitória da Igreja, da casa paroquial e das obras assistenciais.

         Ao finalizar, o Dr. Tasso Selistre nos prestou mais as seguintes declarações  sobre a restauração da centenária Matriz:

      A Igreja parcialmente demolida há mais de século e meio acolhia o povo de Canguçu, nela se lhe dispensando conforto moral e espiritual. Na sua reconstrução, muito ampliada em virtude das necessidades da paroquia, conservar-se-á  o estilo e se manterá  a fachada em respeito a tradição.
     A proposito salienta-se que professor Adail Bento Costa, renomado artista patrício, apanhou e compreendeu com muita exatidão os sentimentos dos paroquianos de N. S. da Imaculada Conceição ao elaborar o seu projeto.
     A interferência do professor, planificando e orientando a obra é algo de decisivo  e inestimável para o empreendimento, reflexo de um desprendido e magnífico coração, não menos valioso sendo os préstimos do seu colaborador, o engenheiro Fernando Bezerra Bertoli. A nova Matriz será obra de mérito marcante para Canguçu e seus filhos. Quem constrói a casa de Deus na terra, constrói o próprio lar no céu.


FONTE: Jornal Diário Popular de 14 de novembro de 1957   
            
Arquivo Nº 2 - Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa 



 Igreja Matriz  Nossa Senhora da Conceição
No ano de 2015 realizou a sua 102ª  Novena em homenagem a Padroeira do Município



Coroação de Nossa Senhora - década de 1940

Arquivo Fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa

(OBS- O estandarte de Santa Terezinha que aparece a direita na foto encontra-se em exposição no Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa)