Hoje o frio é intenso na nossa Canguçu.
Como diziam os antigos... Está de renguear cusco. Temos agora 9º, mas a sensação térmica é muito mais baixa. Penso na geada que me espera amanhã ao sair para o trabalho, antes da 7 horas.
Mas vamos ao que a nossa história registra.
Na manhã do dia 17 de setembro, foi encontrado morto, na estrada geral da Coronilha, a uma légua distante da vila, o preto Adolpho Hippolyto Oliveira, de avançada idade.
Saindo o infeliz, da residência do cidadão João Pinto, devido a chuva e temporal que caiu a noite, não pode vencer a distância e chegar a casa mais próxima da estrada e, ficando assim exposto ao rigoroso frio, veio a sucumbir congelado. Para o local segui a autoridade competente, que depois de mandar proceder o auto do corpo de delito e mais formalidades do estilo, mandou sepultar do infeliz "Pai Adolpho", como lhe chamavam as crianças daqui, de quem ele foi um verdadeiro espantalho.
Tinha 100 anos presumíveis. O óbito foi verificado pelo médico, cidadão Lino Moraes.
Fonte: Diário Popular de 05.10.1905
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segunda-feira, 15 de junho de 2015
sexta-feira, 5 de junho de 2015
Uma antiga casa comercial de Canguçu- Casa Brasil
Mais um dia de chuva na
terrinha...
Sempre que chove lembro de escrever...Sendo assim, aqui estamos
escrevendo, relembrando, registrando...
A algum tempo, publiquei no Facebook sobre o fechamento de
uma das casas comerciais mais antigas da cidade, a Casa Brasil. Hoje trouxe o
texto para o conhecimento dos amigos.
Assim eu escrevi a um tempo atrás.
"
Sabe quando algo está prestes a acontecer e tu
antecipadamente já sabe que sentirá falta, pois bem, hoje fiquei
sabendo que a Casa Brasil irá fechar suas portas; nada mais natural
pois a todo momento novas lojas abrem suas portas, enquanto outras as fecham. Seria
muito natural e apenas mais uma casa comercial a sair de cena, não fosse a
história que carrega, pois esta loja a mais de meio século oferece seus
produtos a comunidade canguçuense; é do tempo em que as pessoas iam
nas lojas comprar alguns metros de” fazenda” para que as “modistas”
confeccionassem os vestidos iguais aos dos figurinos, revistas
que encantavam o público feminino e que hoje nem se vê
mais, para falar a verdade nem sei se ainda existem".
Relembrando...
Me vejo pequena
ainda, a caminhar de mãos dadas com minha como mãe pelas ruas de um
Canguçu tranquilo, onde quase não há carros e o comércio não era tão
intenso como o de hoje; lembro de algumas lojas apenas: a Casa
Santo Antônio do Sr. Julinho Valente, a do Sr. Candinho, Esquina Modas, a
Casa Paulista do Sr. Lourenço, a Casa Norma de Dario Jacondino, tinha ainda as
lojas dos “Turcos”: Esperança de Ernani Abdala, Casas Cairo e Boa
Sorte, o nome de seus donos eu não lembro mas de suas fisionomias eu não
esqueço; tinha ainda os bazares, Estrela do Pompeu e Sinuelo, do Jaime. Eram
essas as lojas da rua da frente ... Ah! Ia esquecendo, subindo a Vinte de
Setembro tinha a Casa Brito do Sr. Gonçalino Brito, lembro dele
também...
Pois bem, a qualquer
momento minha mãe me dirá que precisa chegar no seu Manuel para comprar
alguma coisa... A loja do seu Manoel , era justamente a Casa Brasil, de
propriedade do Sr. Manuel Filgueiras e da dona Candinha Telesca... Quanto tempo
se passou entre a fundação desta casa comercial e o dia de hoje quando ela está
prestes a fechar... Quantas histórias de alegrias e de tristezas, de
renovações, de conquistas e com certeza de INCERTEZAS esta loja
presenciou...
Mas deixa eu voltar ao passeio com minha mãe... Eu adorava
sair com ela, tanto quanto estou adorando este momento de lembrar dela... Pois
bem, dito e feito... chegamos na Casa Brasil, esta era parada
obrigatória, sempre havia o que comprar: linha, botões, agulha de crochê,
alguns metros de fazenda, ou mesmo olhar algum sapato, casaco, qualquer coisa
pois tinha de tudo que se possa imaginar. Entramos por uma da
portas... sim por uma das portas, pois se não me engano haviam duas ou três
portas de entrada na loja.
A casa era grande, com a
fachada de granitina, não sei o que é isso, mas lembro que era assim que
chamavam aquelas casas escuras que tinham um brilho que lembravam pequenos
vidrinhos cintilantes. Lá dentro haviam grandes balcões de tábua, na cor
natural, algumas partes tinham vidros, por onde enxergava-se as
mercadoria do tipo rendas, fitas, elásticos, botões, etc... nas paredes haviam
muitas prateleiras, também com muitas mercadoria e haviam ainda caixas grandes
com cobertores, acolchoados e tantas coisas mais, a loja era realmente muito
cheia de mercadorias... Havia na parede do fundo uma porta que imagino que ia
para a casa ou para o hotel. Lembro do Sr. Manuel Filgueiras, era ,
moreno, usava bigodes , acho que também atendia na loja; nesta época não
lembro da dona Candinha, talvez ela se envolvesse mais com o hotel
Brasil, que também era da família.
Quando o seu Manuel
morreu, a loja sofreu grande transformação. O Ubiratã, filho do casal,
modernizou-a, construiu uma nova loja, ampla, clara, moderna para os
padrões de Canguçu... Lembro dele tão feliz com a loja nova, fazendo o cadastro
dos clientes, pois até então era costume nas lojas locais anotar as compras em
cadernos. Pouco depois, sem que se pudesse imaginar, o Ubiratã
também se se foi... Ficou apenas dona Candinha. Gosto muito dela, é uma
mulher admirável, a mim parece que ela continuou com a loja para
poder viver o sonho do filho e levar a diante o seu projeto.
Mas é isso... Quando o hotel e a loja fecharem as portas, quando pintarem
sua fachada e apagarem de vez o nome “ Casa Brasil ”, com certeza
poderemos dizer que lá se vai mais um tanto de nossa história...
Lamentável esquecimento...
Ao mencionar os comércios de que tenho lembrança, esqueci a tradicional Casa São Pedro, pertencente ao Sr. Fernando Moreira. Esta era uma loja mais ampla, arejada; os balcões ficavam do lado direito da porta e ao fundo, uma escrivaninha onde ficava o caixa... Tinha uma cadeira em frente a mesa... Uma comodidade, pois podíamos fazer o pagamento sentados. Passava-se uma porta e havia outra peça, esta quase vazia e se não me engano com um cofre nela... Ah! e uma porta de duas folhas de onde vinha dona Nilza, baixa, cabelos castanhos, olhos vivos e muito falante... Seu Fernando, alto magro, gentil, sempre sorria para as pessoas que entravam na loja.
Vou aproveitar a oportunidade para registrar o lugar onde eu mais gostava de ir, na livraria Mundial da dona Tereza e do Sr. Sinotti... Lá era o paraíso... Tinha gibis, revistas com bonequinhos de recortar e colocar roupinhas e muitas outras coisas que faziam a alegria das crianças; eu adorava ir lá. Depois que fiquei adolescente, ia lá comprar fotonovelas e romances de bolso, enquanto minha amiga Bete comprava "Medicina e Saúde"... Eu achava aquelas revistas um saco, mas enfim, hoje a Bete é médica e eu professora de Historia, o que prova que desde aquela época já sabíamos o que realmente gostávamos.
A livraria Mundial funcionava onde hoje é a Sulpar, do lado esquerdo a livraria da dona Tereza e do lado direito a loja de materiais elétricos e hidráulicos do Sr. Fernando Sinotti. Lá o meu querido tiozinho Beto comprou uma boneca bonita, vestida de vermelho, e me deu de Natal.
Os dias se passaram, hoje é 05 de junho; não sei quando escrevi este relato, mas de lá para cá, a roda da vida já girou e a Casa Brasil realmente fechou suas portas. Dona Candinha também fechou seus olhos para a vida terrena e hoje já se encontra no mundo espiritual. Espero sinceramente que Deus, na sua bondade infinita, tenha permitido que ela fosse recepcionada pelo seu filho Ubiratã.
Lamentável esquecimento...
Ao mencionar os comércios de que tenho lembrança, esqueci a tradicional Casa São Pedro, pertencente ao Sr. Fernando Moreira. Esta era uma loja mais ampla, arejada; os balcões ficavam do lado direito da porta e ao fundo, uma escrivaninha onde ficava o caixa... Tinha uma cadeira em frente a mesa... Uma comodidade, pois podíamos fazer o pagamento sentados. Passava-se uma porta e havia outra peça, esta quase vazia e se não me engano com um cofre nela... Ah! e uma porta de duas folhas de onde vinha dona Nilza, baixa, cabelos castanhos, olhos vivos e muito falante... Seu Fernando, alto magro, gentil, sempre sorria para as pessoas que entravam na loja.
Vou aproveitar a oportunidade para registrar o lugar onde eu mais gostava de ir, na livraria Mundial da dona Tereza e do Sr. Sinotti... Lá era o paraíso... Tinha gibis, revistas com bonequinhos de recortar e colocar roupinhas e muitas outras coisas que faziam a alegria das crianças; eu adorava ir lá. Depois que fiquei adolescente, ia lá comprar fotonovelas e romances de bolso, enquanto minha amiga Bete comprava "Medicina e Saúde"... Eu achava aquelas revistas um saco, mas enfim, hoje a Bete é médica e eu professora de Historia, o que prova que desde aquela época já sabíamos o que realmente gostávamos.
A livraria Mundial funcionava onde hoje é a Sulpar, do lado esquerdo a livraria da dona Tereza e do lado direito a loja de materiais elétricos e hidráulicos do Sr. Fernando Sinotti. Lá o meu querido tiozinho Beto comprou uma boneca bonita, vestida de vermelho, e me deu de Natal.
Os dias se passaram, hoje é 05 de junho; não sei quando escrevi este relato, mas de lá para cá, a roda da vida já girou e a Casa Brasil realmente fechou suas portas. Dona Candinha também fechou seus olhos para a vida terrena e hoje já se encontra no mundo espiritual. Espero sinceramente que Deus, na sua bondade infinita, tenha permitido que ela fosse recepcionada pelo seu filho Ubiratã.
Foto: Arquivo
fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa
Fotografia tirada em 1945 em frente ao
prédio da antiga Casa Brasil, na época Hotel Brasil.
Registra a festa oferecida às crianças
pela Sra. Joaquina Telesca, proprietária do Hotel Brasil, em comemoração
ao final da 2ª Guerra Mundial.
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