Sinuelo - 50 anos de história
O CTG Sinuelo foi fundado em 20 de setembro de 1964.
Nasceu na garagem da casa do Sr. Raul Silveira.
Fundado pelos amigos: Armando Ecíquio Peres, Raul Silveira e Pedro de Oliveira Luiz.
Armando Ecíquio Peres |
Invernada Artística do CTG Sinuelo |
Ronda Tradicionalista na Praça Marechal Floriano Componentes da Invernada Artística do CTG Sinuelo |
Fundadores do CTG Sinuelo Armando E. Peres, Pedro de Oliveira Luiz e Raul Silveira |
Miriam Zuleica G. Reyes 1ª Prenda da 21ª RT 1984 |
Meus passos na caminhada de 50 anos do CTG
Sinuelo
Nestes 50 anos de caminhada do
CTG Sinuelo muitas pessoas imprimiram seus passos, uns caminharam apressadamente, fazendo uma
passagem rápida, sem grandes marcas; outros imprimiram seus passos com firmeza
e embora tenham feito uma caminhada
rápida conseguiram gravar a sua presença, outros há que caminham a muitos anos nesta estrada
dedicando a entidade o seu carinho, o seu serviço e a sua dedicação... Passo
firme e decidido, desde a arrancada resta-nos um apenas, que caminha incessante
por esta estrada, retirando as pedras do caminho, nosso esteio mestre, nosso
sempre patrão Armando Ecíquio Peres. Nossa
sorte seu Armando, foi quando O Patrão Celestial quis dar-lhe um novo destino,
estabeleceu seu paradeiro, para esta terra hospitaleira, que com certeza muito
se orgulha por ter lhe acolhido com os braços abertos e ter lhe concedido
merecidamente o título de cidadão canguçuense. Este passo continua vivo pela
estrada do CTG Sinuelo e embora hoje
alquebrado, cambaleante, com certeza orgulhoso pela história de conquistas e
vitórias do nosso CTG. O tradicionalismo de Canguçu, com certeza muito lhe deve
muito Armando Peres.
Propus-me
a escrever sobre meus passos nesta caminhada, pois bem... Fui apresentada ao
CTG Sinuelo no dia 11 de agosto de 1979, em
meu baile de debutantes, sendo aquele, o segundo que o Sinuelo realizava.Eram
patrões do CTG Odilon Almeida Mesko e Heloisa Rodrigues( Mesko), meu par foi
Antônio Florêncio Pereira Duarte e minha madrinha, Marilaine Barbosa (
Goularte). Esta foi minha estreia no CTG Sinuelo, meu vestido era vermelho,
gracioso e singelo, confeccionado pela minha mãe. Naquele momento nasceu um
sentimento de amor e respeito ao tradicionalismo.
Interessante perceber que tanto
eu como o Géder, não viemos de família tradicionalista; meus pais muito poucas
vezes foram ao CTG e os dele também não iam, mas nós nos dedicamos por muitos
anos a diversas invernadas e patronagens do CTG Sinuelo.
Sempre admirei o CTG Sinuelo,
desde muito pequena acompanhava curiosa o ir e vir de meu querido tio Beto...
ora indo a bailes e eu me dedicando a engraxar suas botas com toda a dedicação,
ora apresentando-se com a invernada no programa gauchesco do Eli Gonçalves que era transmitido aos domingos na TV Tuiuti ... ora indo a
Congressos Tradicionalistas. Tudo isso despertou o meu interesse pelo
tradicionalismo e, a partir de 1979, passei a me dedicar ao Sinuelo, que era o
CTG do meu tio Beto, por muitos anos. Em 1982 fui escolhida Primeira Prenda; eram
patrões na época o Sr. Clementino Carlos Goulart da Fonseca e Dona Gicelda
Valente da Fonseca, pessoas muito queridas a quem dedico muito carinho e
respeito. Nesta época passei a conviver com um querido amigo “Raul Silveira”,
pessoa maravilhosa, como tinha um
coração jovem, estava sempre as voltas com as invernadas do CTG e eu o admirava
como declamador. Ele passou a me ensinar a declamar; lembro ainda quando declamei pela primeira
vez... Foi em um domingo crioulo, me chamaram para declamar, eu não queria ir
porque o seu Raul não estava presente, porém, mesmo insegura e decepcionada pela ausência do amigo
fui declamar a poesia “ SAUDADE” de Lauro Rodrigues,
quando estava declamando, olho para porta e vejo seu Raul entrando no salão; não deu outra, chorei de emoção por ver meu
amigo, meu incentivador, meu professor... terminei de dizer a poesia sob forte
emoção, o que me valeu o título de boa declamadora e a partir daí, representei
o Sinuelo em três edições do Festival de Arte Popular e Folclore ( equivalia ao
ENART hoje), conseguindo nos três vezes classificação na fase regional para
concorrer a fase estadual que ocorria na
cidade de Farroupilha... Saudades querido amigo! Tua morte foi minha primeira
perda... senti muito.
Em 1983, concorri a 1ª Prenda da
21ª RT, em concurso realizado aqui em Canguçu, no CTG Sinuelo. As prendas, naquela época eram muito cobradas
tinham enorme responsabilidade de se classificarem pois o Sinuelo vinha
conquistando títulos regionais desde 1971 com Vera Jardim, eu seria a 13ª Prenda
a tentar o título, como sou supersticiosa, não estava gostando muito daquele nº
13 me acompanhar mas enfim, deu certo,
sai vencedora do concurso de 1ª Prenda da 21ª RT, nesta época já eram
patrões o Sr. Sadi Soares da Silva e dona Neusa Rosa da Silva. Viajei muito por
este Rio Grande representando o CTG Sinuelo, sempre com seu Carlinhos e dona
Gicelda... adoro este casal, pois me assumiram como filha e eu sempre me senti
muito bem junto a eles.
Em janeiro de 1984 concorri ao
título de 1ª Prenda o Estado do RS na cidade de Itaqui; éramos eu e Nilceane
Goulart da Fonseca que concorria ao título de 1ª Prenda Juvenil. Para este
concurso fui com os amigos Nilson, Jacy e Nilceane. Ao chegar em Itaqui fique
hospedada com minha mãe e com a querida amiga Marlene Barbosa Coelho na casa de
um professor de História, sinto não lembrar o nome dele. Que achado para
Marlene, quem a conheceu já imagina como as coisas caminharam, claro que eu não
tive tempo nem de respirar pois de um lado ela me dava aulas de história e
quando me largava, passava a tarefa para o professor que passava a me falar da
cidade... Lembro que aprendi o nome do teatro da cidade “Nicolau Presevodovisk”
(acho que é assim que se escreve)e o porque do nome; justamente esta pergunta
caiu na prova e eu, de pronto respondi, acredito que acertei se não me
ensinaram errado. Continuando... o calor era intenso, para quem nasceu e se
criou na serra dos Tapes, acostumada com
temperatura amena no verão e muito vento, tinha a impressão que aquele local ia
me fazer derreter. Muito bem, não consegui o título, para tristeza minha e de
muitos, mas com certeza para alivio do querido amigo Moacir Rodrigues, de quem
guardo bela lembrança, pois imagina que este gaúcho disse que se eu ganhasse
viria de Itaqui a Canguçu imaginem, não só a pé mas de joelhos... Querido amigo
Moacir, este é mais um integrante da família Sinuelo que partiu e deixou grande
saudade, assim como seu Ari Rodrigues e dona Deli, o amigo Dautro Cardoso da
Silva, as amigas Vera Luiz, Gicela Van-Gysel e tantos outros.
Dancei em três invernadas do Sinuelo, na primeira
era par do João Luiz Rios, na segunda,
que durou muito tempo, normalmente o meu
par era o Géder Barbosa. Esta invernada
contava com duas pessoas de um valor inestimável: o Adali, pessoa pela qual tenho
um carinho especial... conheço-o desde pequena pois andava sempre junto com meu
tiozinho ( só para esclarecer “tiozinho” era o tio Beto, era assim que eu o
chamava e em função disso o Fernando Barbosa - Noronha e o Lauro Domingues me apelidaram de tiozinho
) pois bem, o Adali era o posteiro e o Armando Bilhalva era o gaiteiro. Era
preciso paciência para aturar quando o Adali resolvia nos castigar fazendo
o grupo dançar a mesma dança a tarde toda, mas o Armando tinha esta
paciência e como tinha... Finalmente dancei no Grupo Artístico “ Os Veteranos”,
bela turma, grandes amigos.
É isso... foram três invernadas,
muitas patronagens, várias funções desenvolvidas, desde lavar o chão,
limpar banheiros, fazer comida, fritar
bata em bailes, fazer anotações de notas dos peões nos rodeios, atender na
copa, dançar, preparar concursos de prendas, decorar bailes de debutantes,
apresentar bailes, orientar prendas a declamar,
etc, etc, etc, Enfim, vivi
grandes alegrias dentro do CTG Sinuelo, tenho orgulho de ter feito parte desta caminhada de 50 anos do Sinuelo. Deus permita
venham mais 50 e tantos mais.
Parabéns Sinuelo pela tua bonita e
significativa história!