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domingo, 21 de abril de 2013

O cinema falado em Canguçu



                Com o término do cinema mudo, vez por outra aparecia em Canguçu caminhonetes da Bayer, que vendiam medicamentos e  montavam cinemas ao ar livre.
                Depois de algum tempo sem cinema, Canguçu ganhou o moderno Cine Teatro Glória, construído por Antônio Lelis Valente (Antonico Valente) e que foi explorado inicialmente pelos sócios Victor Petrucci, comerciante e Pompílio Freitas dono do  Globo Hotel.
                O cinema foi inaugurado em 1939
, ano do início da 2ª Grande  Guerra. O filme inaugural foi Brodway Melody 1938. O operador inicial foi Guilherme Soares, funcionário da Prefeitura Municipal e genro de Antônio Coutinho que fora operador do cinema mudo.  Foram adquiridas poltronas novas para as laterais, as do centro eram as antigas  do cinema mudo, por sinal bem mais confortáveis que as novas.
                Em 07 de maio de 1940 foi inaugurado o pano de boca do cinema, que foi pintado pelo ventríloquo Acy Portela ídolo dos meninos da época.
                O início das sessões nas quartas, sábados e domingos era dado por toques de sirene que eram ouvidos de longas distâncias. Eram colocados cartazes na frente do cinema e Santos Pereira, com um megafone anunciava as sessões nas esquinas da rua General Osório.
                Como no cinema mudo existiu na geral um frequentador que lia em voz alta para a galera analfabeta, as legendas do filme, perturbando os demais.
                   Com o advento da televisão o Cinema foi fechado.
                Sem dúvida, o cinema falado foi uma grande janela para o mundo e fonte de desenvolvimento cultural. Foi para muitos uma diversão fundamental e aguardada com ansiedade. Guri, lembro de um filme tenebroso chamado “A carroça da morte”, passado num país eslavo. Quando se aproximava a morte de alguém, este ouvia o rangido infernal dos eixos da carroça com as rodas, que aumentava na medida em que se aproximava do candidato ao outro mundo. Nenhum guri dormiu naquela noite de medo do terror que a carroça deixou em quem assistiu  ao filme.
                Não se pode deixar de fazer referência aos circos que passaram por Canguçu que davam entrada grátis as crianças que percorriam as ruas atrás do palhaço, montado num cavalo voltado para trás que fazia as seguintes perguntas que as crianças respondiam em festa:
                - O palhaço o que é?                         - É ladrão de mulher!
                - Hoje tem patuscada?                      -Tem sim senhor!
                - E quem leva a namorada?             - Não paga nada!

                E prosseguiam as perguntas que eram respondidas em coro atraindo as pessoas para fora da casas. Foram muitos influenciados pelo circo, entre eles Osmar Telesca e Babá (filho de Samuel Pinho Almeida) que chegaram a montar um circo infantil.
               
(Fonte: Revista dos 200 anos de Canguçu - ACANDHIS)

Cine Teatro Glória
Arquivo fotográfico - Museu Municipal Cap. Henrique José Barbosa


            Hoje, pensando sobre o que postar no blog,  lembrei  do Cine Glória, das matines aos domingos, dos encontros com a turma ... lembrei dos filmes...muitos repetidos, mas isto não importava, lembrei com carinho do meu avô  Tacico que adorava os filmes do Teixeirinha e sempre que estava em cartaz ele nos levava. Lembro especialmente de um filme " Lúcio Flávio, o passageiro da agonia",  era um filme proibido para menores e nós ( as gurias da turma) nos maquiamos fizemos penteados para parecer mais velhas fomos ao cinema;  acho que era o Jarbas Moreira quem estava recebendo as entradas e é  claro que nos reconheceu, afinal íamos todos os finais de semana no cinema, mas nos deixou entrar.  Saímos antes do filme terminar apavoradas com tudo, com a crueldade, com a pornografia e tudo o mais, mas o pior era passar pelo porteiro... envergonhadíssimas!!!  Juramos nunca mais ir quando o filme fosse proibido, não queríamos pagar outro mico. 
         Sempre, antes do filme começar apresentados os gols da seleção brasileira com aquela inesquecível musica da Copa de 70; quem ouvia da rua, sabia que a sessão de cinema já ia começar.
               Nesta época eram donos do cinema os senhores Antoninho e Júlio Valente e quem vendia as entradas era a Ilca, uma senhora que trabalhou vários anos na loja do Sr. Júlio Valente. Claro... não posso esquecer o nosso pipoqueiro, o Miné que vendia pipoca e doces na frente do cinema.
Ótimo lembrar tudo isso e rever na memória tantos momentos especiais e pessoas tão queridas.


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