Particularmente acho muito gostoso escrever sobre a minha cidade, também nunca tentei escrever sobre mais nada que não fosse aquilo que me toca o coração.
Sou uma pessoa saudosista, gosto de poesia, de fotografia, de lembranças e, onde eu acharia toda essa combinação? Com certeza em um Museu. Sim, eu encontrei muito do que buscava, nos quase 12 anos que trabalhei no Museu Capitão Henrique José Barbosa; descobri muita beleza, e novidades históricas, antes desconhecidas para mim e tenho certeza, para a maioria dos canguçuenses. Todas estas fotos lindas de um Canguçu do passado que circulam nos computadores, ai estão porque eu não consegui deixá-las escondidas como sempre estiveram, em uma caixa, atrás de um armário. Eu as descobri e me apaixonei por todas elas, e com apoio do Secretário de Cultura da época, Andrio Aguiar Duarte, que acreditou no meu trabalho e investiu na informatização do nosso Museu, organizei-as em álbuns, scaniei-as, dando vida a estas imagens maravilhosas que hoje enchem os olhos dos que, como eu, enxergam a beleza desta cidade ( sinto apenas por não ter conseguido terminar o trabalho de informatização do Museu... fazer o que?) . Alegro meus olhos quando vejo estas fotografias, porém, morro de ciúme quando aparecem simplesmente jogadas em computadores, para todos olharem, sem fazer referência a sua história. Por isso sempre que escolho com carinho uma fotografia para que vocês possam apreciar procuro escrever algo sobre ela, para que mais pessoas possam também reservar no coração um cantinho para esta cidade tão nossa.
CACIMBA DA PRATA
Sou uma pessoa saudosista, gosto de poesia, de fotografia, de lembranças e, onde eu acharia toda essa combinação? Com certeza em um Museu. Sim, eu encontrei muito do que buscava, nos quase 12 anos que trabalhei no Museu Capitão Henrique José Barbosa; descobri muita beleza, e novidades históricas, antes desconhecidas para mim e tenho certeza, para a maioria dos canguçuenses. Todas estas fotos lindas de um Canguçu do passado que circulam nos computadores, ai estão porque eu não consegui deixá-las escondidas como sempre estiveram, em uma caixa, atrás de um armário. Eu as descobri e me apaixonei por todas elas, e com apoio do Secretário de Cultura da época, Andrio Aguiar Duarte, que acreditou no meu trabalho e investiu na informatização do nosso Museu, organizei-as em álbuns, scaniei-as, dando vida a estas imagens maravilhosas que hoje enchem os olhos dos que, como eu, enxergam a beleza desta cidade ( sinto apenas por não ter conseguido terminar o trabalho de informatização do Museu... fazer o que?) . Alegro meus olhos quando vejo estas fotografias, porém, morro de ciúme quando aparecem simplesmente jogadas em computadores, para todos olharem, sem fazer referência a sua história. Por isso sempre que escolho com carinho uma fotografia para que vocês possam apreciar procuro escrever algo sobre ela, para que mais pessoas possam também reservar no coração um cantinho para esta cidade tão nossa.
CACIMBA DA PRATA
Foto: Arquivo fotográfico do Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa
A cacimba da Prata, hoje esquecida, durante muitos anos abasteceu a cidade e serviu de fonte de emprego a muitos aguateiros. Hoje se encontra soterrada, em terreno pertencente ao Sr. Pedro Boemeke, no local onde o mesmo possui um depósito de materiais de construção, no passado conhecido com Madeireira da Prata.
Construída em 1902 pelo intendente Coronel Hipólito Gonçalves da Silva, a cacimba da Prata ainda é muito confundida com a cacimba do Ouro. Além de sua importância como reservatório de água, a Cacimba da Prata, cujo nome ninguém sabe a origem, encerra em si uma lenda curiosa: "Visitante que bebesse de sua água sempre voltaria a Canguçu".
Possuía aquedutos em estilo romano, por onde era conduzida a água de um cerro próximo. A água que vinha de sua nascente era acumulada durante a noite em seu reservatório, de onde era distribuída para toda a cidade.
Em 1941, quando uma terrível seca assolou a cidade e todas as demais vertentes secaram, a Cacimba da Prata abasteceu, com sua água límpida e fresca, todas as casas de Canguçu. Suas torneiras mal conseguiam alimentar as intensas filas que se formavam para o recolhimento de água.
Francisco Freitas, antigo morador, lembra que pessoas ganhavam a vida carregando água em latas ou pipas. Eram poucas as famílias que tinham poço em seu quintal. Desta forma alguns carregadores tinham seus fregueses certos, onde, dependendo da periodicidade, era cobrada uma taxa por dia ou por mês.
Outro antigo morador, Mozart Madeira de Oliveira, lembra inclusive de algumas pessoas que durante muito tempo carregaram água: seu João, que embora praticamente cego, fazia o carregamento numa pipa puxada por um burro, Liundina Fonseca ( Lindinha), carregou água té os 72 anos, puxando uma pipa de vinte litros, com a qual abastecia mais de 20 famílias. Dona Lindinha, conforme o senhor Mozart, desde a madrugada já se encontrava na cacimba juntando água e interrompia seu serviço quando chegava à noite. Como o terreno onde se localizava o reservatório ficava em lugar elevado e ela tivesse idade bastante avançada, os "moleques " que também carregavam água a auxiliava a conduzir sua pipa até a cacimba.
Em 1952, na administração do Sr. Conrado Ernani Bento, a cacimba foi restaurada pelo Sr. Carlos Quettz. Nesta ocasião ela perdeu sua forma antiga, deixando de apresentar sua parte superior.
A partir de 1966, a cacimba da Prata começou a ser menos procurada. Este ano marcou a implantação da CORSAN em Canguçu e os primeiros encanamentos de água potável começaram já a servir algumas residências.
FONTE: Notícia do jornal "O Canguçuense" - Arquivo : 1 - Pasta: História
Museu Hist. Mun. Capitão Henrique José Barbosa
Segundo Céres da Rosa Goulart, em seu livro, "Pálidos traços da História de Cangussu":
"Desde os primórdios de Cangussu, desde a vila até acanhada e pequena cidade, o suprimento de água nas casas de família e nos hotéis, que na época não eram mais de dois, esteve a cargo das aguateiras."
"Um grupo de mulheres, sem recursos e sem herança a esperar, adotou a profissão de carregar água. Elas abriam um saco branco, daqueles de açúcar ou uma roupa velha, fora de uso e enrolavam mais ou menos como uma cobra grossa, que colocavam sobre a cabeça, onde equilibravam uma lata daquelas que vinham com querosene, cheias de água. Isto servia para amenizar o impacto da lata, do peso que carregavam. Caminhavam a passos lentos,olhando para frente, a lata sobre a cabeça um tanto inclinada e que nunca virava, tal a prática que adquiriam. Impossível calcular quantas vezes faziam o trajeto das cacimbas às casas e vice-versa, durante o dia. Primeiro ia a água para os hotéis e depois para as casas de família. E assim, de lata em lata elas enchiam barris, talhas de barro ou quaisquer outro recipientes que lhes era oferecido pelas donas de casa, o suficiente para o gasto de um dia inteiro. O trabalho delas começava com o clarear do dia e só terminava quando o sol ia se escondendo. Um trabalho duro, pesado, tão humilde quanto indispensável, com o que elas garantiam o suado e chorado pão de cada dia".